quarta-feira, 30 de junho de 2010
CICLO CASSAVETES
MOSTRA CINE COMO LE GUSTA
apresenta:
CICLO CASSAVETES
Em julho, o CICLO CASSAVETES traz à tona a produção diretor e ator John Cassavetes. Considerado o pai do cinema independente dos Estados Unidos por ter criado um estilo próprio e quase artesanal de trabalho, seu cinema tem características como: baixo orçamento, elenco normalmente composto por amigos e sua esposa Gena Rowlands, valorização do ator/personagem e valorização do improviso.
Veja a programação do CICLO CASSAVETES no SESC Tijuca:
3/7, 15h
SOMBRAS. Dir.Jonh Cassavetes. EUA, 1959.
Ben leva uma vida errante, sem muitos propósitos. Sua irmã Leila está prestes a se apaixonar e sofrer. O outro irmão Hugh tenta uma carreira como músico, mas não tem tido muita sorte. O trio se envolve numa rede que envolve amores, mentiras e preconceitos. O filme de estréia do diretor tem a trilha sonora assinada por Charles Mingus. O filme é considerado um dos marco da cena independente. 12 anos.
10/7, 15h
FACES. Dir.Jonh Cassavetes. EUA, 1968.
Segundo filme de Cassavetes, a produção foi adaptada de uma peça teatral de sua autoria. A trama acompanha a lenta desintegração de um casamento da classe média alta norte-americana, em que o marido se envolve com uma garota mais jovem , que conheceu no bar e a esposa começa uma relação com um garoto de programa. O filme recebeu 3 indicações ao Oscar. 12 anos.
17/7, 15h
UMA MULHER SOB INCLUÊNCIA. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1974.
Sobrecarregado de trabalho num estaleiro, Nick Longhetti (Peter Falk) tenta conviver com o desequilíbrio emocional de sua esposa Mabel (Gena Rowlands), uma dona-de-casa depressiva. Quando os filhos começam a ser atingidos pelo trauma da mãe, Nick se vê obrigado a hospitalizá-la e assumir o controle da casa. Indicado ao Oscar de melhor direção. 12 anos.
24/7, 15h
A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1976.
Cosmo Vitelli, bem-sucedido proprietário de um clube de striptease, envolve-se numa dívida de jogo com a máfia. Eles aceitam esquecer a dívida se ele cometer um crime: matar um bookmaker chinês. No desenrolar do caso, nada acontece como o esperado. 12 anos.
31/7, 15h
NOITE DE ESTRÉIA. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1977.
Um título teatral e atuações teatrais. Myrtle Gordon (Gena Rowlands) é uma famosa atriz de meia idade, que passa por uma crise de identidade por se sentir culpada pela morte de uma ardorosa fã na estréia de sua nova peça teatral. Myrtle passa a ver a mulher em alucinações e se recusa a aceitar o papel de uma mulher que envelhece. 12 anos.
Local: Sala de Vídeo (64 lugares) – SESC Tijuca – Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca.
Grátis (retirada de ingresso com 30 min. de antecedência, na bilheteria)
Informações: 3238 2076
Email: flaviasalgado@sescrio.org.br / thaisveiga@sescrio.org.br
apresenta:
CICLO CASSAVETES
Em julho, o CICLO CASSAVETES traz à tona a produção diretor e ator John Cassavetes. Considerado o pai do cinema independente dos Estados Unidos por ter criado um estilo próprio e quase artesanal de trabalho, seu cinema tem características como: baixo orçamento, elenco normalmente composto por amigos e sua esposa Gena Rowlands, valorização do ator/personagem e valorização do improviso.
Veja a programação do CICLO CASSAVETES no SESC Tijuca:
3/7, 15h
SOMBRAS. Dir.Jonh Cassavetes. EUA, 1959.
Ben leva uma vida errante, sem muitos propósitos. Sua irmã Leila está prestes a se apaixonar e sofrer. O outro irmão Hugh tenta uma carreira como músico, mas não tem tido muita sorte. O trio se envolve numa rede que envolve amores, mentiras e preconceitos. O filme de estréia do diretor tem a trilha sonora assinada por Charles Mingus. O filme é considerado um dos marco da cena independente. 12 anos.
10/7, 15h
FACES. Dir.Jonh Cassavetes. EUA, 1968.
Segundo filme de Cassavetes, a produção foi adaptada de uma peça teatral de sua autoria. A trama acompanha a lenta desintegração de um casamento da classe média alta norte-americana, em que o marido se envolve com uma garota mais jovem , que conheceu no bar e a esposa começa uma relação com um garoto de programa. O filme recebeu 3 indicações ao Oscar. 12 anos.
17/7, 15h
UMA MULHER SOB INCLUÊNCIA. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1974.
Sobrecarregado de trabalho num estaleiro, Nick Longhetti (Peter Falk) tenta conviver com o desequilíbrio emocional de sua esposa Mabel (Gena Rowlands), uma dona-de-casa depressiva. Quando os filhos começam a ser atingidos pelo trauma da mãe, Nick se vê obrigado a hospitalizá-la e assumir o controle da casa. Indicado ao Oscar de melhor direção. 12 anos.
24/7, 15h
A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1976.
Cosmo Vitelli, bem-sucedido proprietário de um clube de striptease, envolve-se numa dívida de jogo com a máfia. Eles aceitam esquecer a dívida se ele cometer um crime: matar um bookmaker chinês. No desenrolar do caso, nada acontece como o esperado. 12 anos.
31/7, 15h
NOITE DE ESTRÉIA. Dir. Jonh Cassavetes, EUA, 1977.
Um título teatral e atuações teatrais. Myrtle Gordon (Gena Rowlands) é uma famosa atriz de meia idade, que passa por uma crise de identidade por se sentir culpada pela morte de uma ardorosa fã na estréia de sua nova peça teatral. Myrtle passa a ver a mulher em alucinações e se recusa a aceitar o papel de uma mulher que envelhece. 12 anos.
Local: Sala de Vídeo (64 lugares) – SESC Tijuca – Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca.
Grátis (retirada de ingresso com 30 min. de antecedência, na bilheteria)
Informações: 3238 2076
Email: flaviasalgado@sescrio.org.br / thaisveiga@sescrio.org.br
Tudo à nossa vista é imagem
A imagem é virtual, o qual, tudo aquilo que vemos, é outra coisa além do próprio objeto. Existe o objeto e o que se vê do objeto. Até nós mesmos somos imagem, essência cristalina do reflexo e o que se vê é o que já passou. O tempo fica entre o instante e o passado, atual é o que é real, o presente. O corpo é o limite que vive a experiência do real.
A imagem virtual é aquela que se tem na memória, que se duplica. Se apenas o fato de abrir o olho e tudo que se passa na frente é imagem, então tudo é simulacro pra Deleuze e também para Bergson. Apenas o corpo vive o real e o atual, o corpo que vive esse menor intervalo do tempo existente, o presente. O corpo é o limite.
"O nosso corpo (que é o fenômeno pra si mesmo) tem um elo com a consciência que se apropria do corpo, eles nunca se separam". (Merleau Ponty)
O ator seria aquele que tem a experiência da imagem virtual e atual, como uma imagem no espelho, duplicação. O ator tem a sua imagem atual porque veste diversos personagens.
Afirmar o simulacro é uma maneira de aceitar a multiplicidade falsificante do mundo. Não há lugar onde a imagem não descreva nosso próprio universo.
Em "As Potências do Falso", Deleuze opõe dois pontos que regem a imagem, o "orgânico" e o "cristalino" ou "regime cinético" e "regime crônico".
A imagem-movimento é orgânica e a imagem-tempo, cristalino. O plano-sequência é a menor manipulação do tempo a favor do real, do orgânico.
Orgânico é o sistema lógico que predomina. Princípio, meio e fim. Menos descolada da realidade. No cristalino o movimento é gerado através do tempo. O real e o imaginário não se distinguem.
No cristalino o impacto é ótico e sonoro, livre de concatenação lógica e tempo cronológico, há uma autonomia do tempo em relação ao movimento.
No orgânico o real suposto contém continuidade, a narração pretende ser verídica e verossímel, há um privilégio do movimento em detrimento do tempo. O objeto sempre é a realidade e a vida, nexo-causal. Servem pra definir situações sensório-motoras.
Para Deleuze, a montagem è principio fundamental no cinema, assim como Stanley Kubrick declarou uma vez: "o cinema é o maior ladrão, o cinema é montagem/edição". Kubrick diz que o cinema roubou tudo das outras artes e fez montagem. Esta tese sobre a montagem Bazin contestou depois para falar do cinema moderno, principalmente de Orson Wells que fez filmes com longos planos-sequênia.
"A Palavra e Imagem" de Sergei Eisenstein, também, diz sobre a importância da montagem num período do cinema soviético, onde a necessidade da exposição coerente e orgânica do tema, do material, da trama, da ação, do movimento interno da seqüência do filme e de sua ação dramática como um todo, além do aspecto emocional da história, de sua lógica de continuidade, o ato de narrar uma história coesa. A montagem é uma poderosa ajuda nesta tarefa de transpassar uma falsa realidade pra comover o público.
Todo esse falseamento da imagem pertence ao cinema, um falseamento da realidade que continua a tratar da realidade, porém, quanto mais desconecta com a realidade, mais potente esta arte pode ser.
Hans Belting em seu texto, "Por uma antropologia da imagem", no qual ele propõe a análise da questão "o que é a imagem?", separa o que ele chama de meio físico de imagem mental.
Relaciona com a morte, a condição da imagem como presença de uma ausência, assim como Roland Barthers descreve no livro "Câmera Clara". Felippe Dubois no oitavo capítulo do livro "O ato fotográfico", também se refere à obra de Denis Roche como presença de uma ausência, experiência do precipício interior, paradoxo da agitação louca e da vertigem, que é a vontade de viver e o medo de sofrer.
Voltando ao Belting: Antropologia da imagem como um substituto da história tradicional, pois a história da arte não vai dialogar a penas com as histórias, e sim, também, com outras disciplinas, como a antropologia.
Como uma relação de especificidade da cultura, recortes e diferenças. A sociedade da imagem vai rever o conceito de arte e levar em consideração a imagem, pois a fotografia nos trouxe uma visão mais fragmentada de mundo. Portanto, Belting vai além do âmbito artístico pra analisar esta questão, "o que é imagem?".
Quando Belting cita, imagem virtual e meio físico, tem muito haver com o que Deleuze fala de imagem real, atual e virtual. Belting acredita numa abordagem antropológica da imagem. Não se trata de etnologia, Belting segue uma definição européia e não fala exclusivamente de "arte", o debate da arte com a antropologia não se aplica ao discurso da arte ocidental. Belting bebe na cultura grega pra falar da imagem e distinguindo a aparência e o ser (imagem virtual e imagem atual). Fala do eidolon e kolossos no pensamento pré-clássico.
Eidolon como a imagem de um sonho, aparição de um deus ou ancestrais mortos, o que abrange a idéia de imagem mental (virtual). O kolossos representa um artefato de metal ou pedra, no qual, as imagens se materializam (real). Depois surgiu o termo eikon juntamente com o termo mimesis. Eikon desvalorizou o eidolon porque adotou o sentido de cópia ou imitação.
Ele afirma a imagem como presença de uma ausência ao lembrar-nos sobre as imagens em funerais, no qual a imagem substitui o lugar do corpo morto. A presença da foto do morto anuncia a própria ausência, a morte. Roland Barthes também lembra das famílias que tiravam fotografias em inseriam uma fotografia de um membro que já tinha morrido pra compor a foto, como aquelas máscaras que faziam dos mortos para alguém representa-los colocando-as para aparecer numa fotografia.
Não há nada mais sublime do que representar um morto com uma foto, no qual, foi congelada uma imagem do mesmo em um momento em que esteve vivo. A condição do homem, morrer, mas a fotografia pode congelar um instante do tempo e, possivelmente, eternizar esta imagem da pessoa, já morta, quando viva. Como disse Roland Barthes, Isso foi! Roland Barthes quando se viu numa fotografia disse: "tornei-me todo-imagem, i. e. morte em pessoa", essa obsessão pelo duplo seria a experiência de uma morte. Aqui não podemos deixar de lembrar Walter Benjamim quando fala da áurea em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
Jean François Lyotard em, "O instante, Newman", falou do sublime na obra de Barnett Newman, um artista também interessado em arte "primitiva", no qual conta um relato do artista quando esteve diante de túmulos de índios miami, os miamisburg.
Barnett Newman fala que quando esteve diante destes túmulos teve um estalo, como um momento de epifania. Foi então que pensou em produzir arte para o homem. Por isso que Lyotard fala que a obra de Newman não tem uma relação triádica, como a mensagem do artista através da obra para o espectador. È uma relação apenas entre a obra e o observador. O quadro é o mensageiro e a mensagem, não há nada para se interpretar, adivinhar ou desvendar. É o instante, o presente. O sentimento sublime é a consciência da condição humana, estar presente é estar vivo em caminho pra morte.
Belting fala do tempo e do espaço no sentido de que a imagem sempre persistirá por que nunca saberemos como a morte é. Relaciona máscaras com imagens, um corpo que veste esta máscara se transforma em entidade, imagem virtual, como o ator na explicação de Deleuze.
Foi através do novo conceito de sublime por de Kant e Burque, que a modernidade se enveredou por um caminho de experimentações e possibilidades artísticas infinitas, pois através do novo conceito de belo, puderam sair da condição de figuração da obra de arte e o mundo da fotografia embarcou nessa. Deu origem a crise dos discursos totalizantes. Não é mais uma questão de estética/belo, é uma questão da filosofia da arte. O que vale é a discussão em torno do que é arte.
"Arqueologia do Saber" de Foucault fala da diferença entre visão totalitária da história até os anos 50 e da visão fragmentada a partir dos anos 60. Os discursos lineares tendem a dar continuidade, a história era, até então, um discurso ocidental homogênio, não leva em conta as diferenças de outros lugares, como a Ásia, África, Oceania, etc.
Nos aos 60 as vanguardas acontecem em vários lugares ao mesmo tempo, um discurso linear e totalitário não dá conta da fragmentação das características deste tempo de descobertas. Para o discurso se uniformizar, tem de deixar de fora tudo que não cabe na continuidade histórica. Não há como unificar tudo, uma coisa independe da outra, não há uma linha coerente da história.
Aí que entra a questão do cinema moderno em contrapartida com o cinema clássico. O cinema moderno não se pretende mais tão orgânico, no qual, pretendia-se contar uma história coerente com início, meio e fim.
Houve um esgotamento dos clichês e das fórmulas prontas, nos quais, o cinema havia mergulhado, principalmente quando se trata do cinema norte-americano.
O filme clássico pretendia-se a imagem semelhança do real, como que um monte de mentiras pra tentar dizer uma "verdade".
A montagem agora não é tão fundamental quanto foi no cinema clássico. Também não foi completamente descartada, ela passara a ser um complemento ao invés de ser fundamental.
Nos anos 30 os vários gêneros americanos e o realismo noir da França tinham o mesmo tipo de decupagem. Tudo pra chegar ao mais próximo da realidade. A história era descrita por uma sucessão de planos que tornava mais eficaz a maneira de apresentar a realidade.
A decupagem da técnica do campo/contra-campo foi "substituída", de alguma maneira, pelo plano-sequêcia, a fim de questionar esta tal "realidade", da qual a técnica manipulava ao máximo as imagens através da edição, pra contar uma história.
Priscilla Duarte
A imagem virtual é aquela que se tem na memória, que se duplica. Se apenas o fato de abrir o olho e tudo que se passa na frente é imagem, então tudo é simulacro pra Deleuze e também para Bergson. Apenas o corpo vive o real e o atual, o corpo que vive esse menor intervalo do tempo existente, o presente. O corpo é o limite.
"O nosso corpo (que é o fenômeno pra si mesmo) tem um elo com a consciência que se apropria do corpo, eles nunca se separam". (Merleau Ponty)
O ator seria aquele que tem a experiência da imagem virtual e atual, como uma imagem no espelho, duplicação. O ator tem a sua imagem atual porque veste diversos personagens.
Afirmar o simulacro é uma maneira de aceitar a multiplicidade falsificante do mundo. Não há lugar onde a imagem não descreva nosso próprio universo.
Em "As Potências do Falso", Deleuze opõe dois pontos que regem a imagem, o "orgânico" e o "cristalino" ou "regime cinético" e "regime crônico".
A imagem-movimento é orgânica e a imagem-tempo, cristalino. O plano-sequência é a menor manipulação do tempo a favor do real, do orgânico.
Orgânico é o sistema lógico que predomina. Princípio, meio e fim. Menos descolada da realidade. No cristalino o movimento é gerado através do tempo. O real e o imaginário não se distinguem.
No cristalino o impacto é ótico e sonoro, livre de concatenação lógica e tempo cronológico, há uma autonomia do tempo em relação ao movimento.
No orgânico o real suposto contém continuidade, a narração pretende ser verídica e verossímel, há um privilégio do movimento em detrimento do tempo. O objeto sempre é a realidade e a vida, nexo-causal. Servem pra definir situações sensório-motoras.
Para Deleuze, a montagem è principio fundamental no cinema, assim como Stanley Kubrick declarou uma vez: "o cinema é o maior ladrão, o cinema é montagem/edição". Kubrick diz que o cinema roubou tudo das outras artes e fez montagem. Esta tese sobre a montagem Bazin contestou depois para falar do cinema moderno, principalmente de Orson Wells que fez filmes com longos planos-sequênia.
"A Palavra e Imagem" de Sergei Eisenstein, também, diz sobre a importância da montagem num período do cinema soviético, onde a necessidade da exposição coerente e orgânica do tema, do material, da trama, da ação, do movimento interno da seqüência do filme e de sua ação dramática como um todo, além do aspecto emocional da história, de sua lógica de continuidade, o ato de narrar uma história coesa. A montagem é uma poderosa ajuda nesta tarefa de transpassar uma falsa realidade pra comover o público.
Todo esse falseamento da imagem pertence ao cinema, um falseamento da realidade que continua a tratar da realidade, porém, quanto mais desconecta com a realidade, mais potente esta arte pode ser.
Hans Belting em seu texto, "Por uma antropologia da imagem", no qual ele propõe a análise da questão "o que é a imagem?", separa o que ele chama de meio físico de imagem mental.
Relaciona com a morte, a condição da imagem como presença de uma ausência, assim como Roland Barthers descreve no livro "Câmera Clara". Felippe Dubois no oitavo capítulo do livro "O ato fotográfico", também se refere à obra de Denis Roche como presença de uma ausência, experiência do precipício interior, paradoxo da agitação louca e da vertigem, que é a vontade de viver e o medo de sofrer.
Voltando ao Belting: Antropologia da imagem como um substituto da história tradicional, pois a história da arte não vai dialogar a penas com as histórias, e sim, também, com outras disciplinas, como a antropologia.
Como uma relação de especificidade da cultura, recortes e diferenças. A sociedade da imagem vai rever o conceito de arte e levar em consideração a imagem, pois a fotografia nos trouxe uma visão mais fragmentada de mundo. Portanto, Belting vai além do âmbito artístico pra analisar esta questão, "o que é imagem?".
Quando Belting cita, imagem virtual e meio físico, tem muito haver com o que Deleuze fala de imagem real, atual e virtual. Belting acredita numa abordagem antropológica da imagem. Não se trata de etnologia, Belting segue uma definição européia e não fala exclusivamente de "arte", o debate da arte com a antropologia não se aplica ao discurso da arte ocidental. Belting bebe na cultura grega pra falar da imagem e distinguindo a aparência e o ser (imagem virtual e imagem atual). Fala do eidolon e kolossos no pensamento pré-clássico.
Eidolon como a imagem de um sonho, aparição de um deus ou ancestrais mortos, o que abrange a idéia de imagem mental (virtual). O kolossos representa um artefato de metal ou pedra, no qual, as imagens se materializam (real). Depois surgiu o termo eikon juntamente com o termo mimesis. Eikon desvalorizou o eidolon porque adotou o sentido de cópia ou imitação.
Ele afirma a imagem como presença de uma ausência ao lembrar-nos sobre as imagens em funerais, no qual a imagem substitui o lugar do corpo morto. A presença da foto do morto anuncia a própria ausência, a morte. Roland Barthes também lembra das famílias que tiravam fotografias em inseriam uma fotografia de um membro que já tinha morrido pra compor a foto, como aquelas máscaras que faziam dos mortos para alguém representa-los colocando-as para aparecer numa fotografia.
Não há nada mais sublime do que representar um morto com uma foto, no qual, foi congelada uma imagem do mesmo em um momento em que esteve vivo. A condição do homem, morrer, mas a fotografia pode congelar um instante do tempo e, possivelmente, eternizar esta imagem da pessoa, já morta, quando viva. Como disse Roland Barthes, Isso foi! Roland Barthes quando se viu numa fotografia disse: "tornei-me todo-imagem, i. e. morte em pessoa", essa obsessão pelo duplo seria a experiência de uma morte. Aqui não podemos deixar de lembrar Walter Benjamim quando fala da áurea em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
Jean François Lyotard em, "O instante, Newman", falou do sublime na obra de Barnett Newman, um artista também interessado em arte "primitiva", no qual conta um relato do artista quando esteve diante de túmulos de índios miami, os miamisburg.
Barnett Newman fala que quando esteve diante destes túmulos teve um estalo, como um momento de epifania. Foi então que pensou em produzir arte para o homem. Por isso que Lyotard fala que a obra de Newman não tem uma relação triádica, como a mensagem do artista através da obra para o espectador. È uma relação apenas entre a obra e o observador. O quadro é o mensageiro e a mensagem, não há nada para se interpretar, adivinhar ou desvendar. É o instante, o presente. O sentimento sublime é a consciência da condição humana, estar presente é estar vivo em caminho pra morte.
Belting fala do tempo e do espaço no sentido de que a imagem sempre persistirá por que nunca saberemos como a morte é. Relaciona máscaras com imagens, um corpo que veste esta máscara se transforma em entidade, imagem virtual, como o ator na explicação de Deleuze.
Foi através do novo conceito de sublime por de Kant e Burque, que a modernidade se enveredou por um caminho de experimentações e possibilidades artísticas infinitas, pois através do novo conceito de belo, puderam sair da condição de figuração da obra de arte e o mundo da fotografia embarcou nessa. Deu origem a crise dos discursos totalizantes. Não é mais uma questão de estética/belo, é uma questão da filosofia da arte. O que vale é a discussão em torno do que é arte.
"Arqueologia do Saber" de Foucault fala da diferença entre visão totalitária da história até os anos 50 e da visão fragmentada a partir dos anos 60. Os discursos lineares tendem a dar continuidade, a história era, até então, um discurso ocidental homogênio, não leva em conta as diferenças de outros lugares, como a Ásia, África, Oceania, etc.
Nos aos 60 as vanguardas acontecem em vários lugares ao mesmo tempo, um discurso linear e totalitário não dá conta da fragmentação das características deste tempo de descobertas. Para o discurso se uniformizar, tem de deixar de fora tudo que não cabe na continuidade histórica. Não há como unificar tudo, uma coisa independe da outra, não há uma linha coerente da história.
Aí que entra a questão do cinema moderno em contrapartida com o cinema clássico. O cinema moderno não se pretende mais tão orgânico, no qual, pretendia-se contar uma história coerente com início, meio e fim.
Houve um esgotamento dos clichês e das fórmulas prontas, nos quais, o cinema havia mergulhado, principalmente quando se trata do cinema norte-americano.
O filme clássico pretendia-se a imagem semelhança do real, como que um monte de mentiras pra tentar dizer uma "verdade".
A montagem agora não é tão fundamental quanto foi no cinema clássico. Também não foi completamente descartada, ela passara a ser um complemento ao invés de ser fundamental.
Nos anos 30 os vários gêneros americanos e o realismo noir da França tinham o mesmo tipo de decupagem. Tudo pra chegar ao mais próximo da realidade. A história era descrita por uma sucessão de planos que tornava mais eficaz a maneira de apresentar a realidade.
A decupagem da técnica do campo/contra-campo foi "substituída", de alguma maneira, pelo plano-sequêcia, a fim de questionar esta tal "realidade", da qual a técnica manipulava ao máximo as imagens através da edição, pra contar uma história.
Priscilla Duarte
a linguagem secreta de Buñel
Cinema: uma complexa máquina internacional da indústria. Para nós leigos, cinema é apenas uma máquina de contar estórias.Na primeira exibição pública em 1895, Bernadet nos conta que Méliès, um mágico, queria comprar o cinematógrafo de Lumiére, o inventor da máquina cinematográfica, no qual foi desmotivado pelo próprio inventor, que não acreditava no potencial que inventara.A câmera captava as imagens em preto e branco e ainda não tinha som. Mesmo assim, aquilo que o público vira era quase que inacreditável.A câmera ficava fixa, gravando tudo o que acontecia na frente, como um espectador no teatro. O público se emocionava com o que via, como tudo o que eles viam na vida real, estavam vendo bem ali, numa tela, fora da realidade. O poder de ilusão já era tão grande que, mesmo sabendo que não era vida real, eram imagens dentro de uma tela, assustaram-se com o trem que vinha em suas direções, como se o trem fosse transbordar da tela para a realidade e atropelar todos na platéia.Até hoje é assim, talvez com mais intensidade ainda, pois choramos, sentimos medo, rimos quando estamos diante de um filme do qual nos identificamos. O cinema dominante sempre trabalhou pra tudo que fosse passado na tela, chegasse tão próximo da realidade a ponto de realmente acreditarmos "ser real".O cinema é feito a partir do ponto de vista de alguém e jamais poderá expressar-se sozinho sem a interferência do homem. É muito simplista dizer que o cinema retrata a realidade, transferindo para o filme a responsabilidade da história que está sendo contada.O fato de se poder fazer cópias, aumentou ainda mais possibilidade de dominação ideológica burguesa. Talvez isto explica as legislações de proteção ao cinema nacional, no entanto, são tantas as falhas, que o cinema dominante norte americano consegue burlar as leis, associando-se a produtoras locais ou produzindo nos próprios países, ou seja, "lei pra estrangeiro ver".Aqui no Brasil os cinemas são obrigados a exibirem filmes nacionais numa determinada quantidade de dias, o que não funciona muito se formos prestar atenção, ou esta quantidade exigida é insuficiente diante da quantidade de importados que consumimos. O Brasil ainda sofre sérias ameaças às restrições de importação e ainda correm o sério risco de comprometerem a balança comercial do país.O filme é um produto. Uma mercadoria abstrata que se compara a uma passagem de avião. Compramos um bilhete pra embarcar numa viagem pra logo em seguida passarmos o acento pra outro.O que circula entre o produtor, distribuidor e exibidor são sempre direitos e nunca uma mercadoria concreta. Direitos de distribuir e direitos de exibir.
Linguagem Ideológica
Quando o filme deixou de ser uma reportagem cinematográfica, documentários, paisagens, meras vistas naturais, o cinema passou a ter uma linguagem própria, passara a ser visto como "arte". O americano Griffith foi o primeiro a montar as imagens com a intenção de contar uma história. História contada a partir do ponto de vista burguês, pois "O Nascimento de uma Nação" ou "Intolerância" foram considerados racistas pôr algumas personalidades que criticaram o filme na época.
Agora, o cinema ficaria ainda mais próximo da realidade, mais do que nunca, quando o som se industrializou em 1928. A partir daí podiam captar ruídos que forçariam ainda mais a ilusão de verdade.Nos anos 20 o cinema dominante tornara-se narrativo e perigoso.Na União Soviética, Einseinstein também desenvolve uma decupagem narrativa, porém, sua teria não é representar a realidade, mas uma realidade cinematográfica. O som era válido desde que ficasse em contraste com as imagens, o que era totalmente oposto ao cinema americano, que sincronizava os sons de acordo com as imagens.Outros movimentos surgiram nos anos 20 e 30, como o expressionismo alemão que, influenciados pela literatura e as artes plásticas, contavam histórias fantasiosas.A vanguarda francesa, nos anos 20, não escolheu a narrativa. A narrativa era um aspecto da literatura e o cinema tinha que encontrar uma forma mais pura de expressão.O surrealismo estava longe de enredos e estórias, sua marca era demonstrar uma aversão total à burguesia.Todas estas formas de expressão tinham apenas um ponto em comum: se opunham ao sistema cinematográfico capitalista.Muitos diretores tiveram problemas com seus produtores que queriam interferir na montagem final do filme, obviamente, pensando no retorno financeiro.Por isso são tão importantes os circuitos alternativos de exibição, pois não fazem parte do sistema mercadológico.
O Superego
Nos anos 30 e 40, o cinema industrial americano tinha o diretor como um empregado entre muitos, que servia apenas pra dirigir os atores e supervisionar o plano de trabalho. Nem o roteiro e nem a montagem ficavam sobre a sua responsabilidade. Acabavam as filmagens e partiam pra outro trabalho que fossem escalados.Nos anos 50 a Nouvelle Vague francesa trabalhou duramente contra o anonimato, surgindo assim, o "filme de autor", no qual o autor era aquele que tinha total responsabilidade e poder sobre o filme. Os diretores tomaram pra si o trabalho como criação exclusiva, como se o cinema não fosse um trabalho coletivo.Os roteiristas, sentindo-se menosprezados, queriam tomar a atenção e lutaram pela valorização da escrita cinematográfica. Afinal, o filme seria feito para ilustrar o roteiro e não, vice e versa. Então começara um esvaziamento da imagem em favor da palavra.O que ainda não entendiam é que o cinema são fragmentos que formam um todo, que todas as funções são tão importantes quanto o narcisismo de um.Talvez a linguagem secreta do cinema seja fugir de todos estes esteriótipos. Seja a fuga da realidade. Seja a fuga do estrelismo. Seja abrir mão do egocentrismo em favor da arte.Buñuel comparou o filme aos sonhos, os de quando estamos dormindo. Não ao sonho que os americanos vendem de um ideal de vida burguesa. O artista vira uma estrela da mídia e o seu trabalho tanto faz.O elogio ao tédio e a necessidade que ele tinha de incomodar, uma rebeldia que não queria conciliar com o sistema dominante, tanto que não sentia-se satisfeito com boas críticas aos seus filmes.Buñuel queria ser anônimo, o que foi impossível, a ponto de defender a exclusão dos créditos no filme. Esta sim seria a verdadeira linguagem secreta do cinema.
Priscilla Duarte
Linguagem Ideológica
Quando o filme deixou de ser uma reportagem cinematográfica, documentários, paisagens, meras vistas naturais, o cinema passou a ter uma linguagem própria, passara a ser visto como "arte". O americano Griffith foi o primeiro a montar as imagens com a intenção de contar uma história. História contada a partir do ponto de vista burguês, pois "O Nascimento de uma Nação" ou "Intolerância" foram considerados racistas pôr algumas personalidades que criticaram o filme na época.
Agora, o cinema ficaria ainda mais próximo da realidade, mais do que nunca, quando o som se industrializou em 1928. A partir daí podiam captar ruídos que forçariam ainda mais a ilusão de verdade.Nos anos 20 o cinema dominante tornara-se narrativo e perigoso.Na União Soviética, Einseinstein também desenvolve uma decupagem narrativa, porém, sua teria não é representar a realidade, mas uma realidade cinematográfica. O som era válido desde que ficasse em contraste com as imagens, o que era totalmente oposto ao cinema americano, que sincronizava os sons de acordo com as imagens.Outros movimentos surgiram nos anos 20 e 30, como o expressionismo alemão que, influenciados pela literatura e as artes plásticas, contavam histórias fantasiosas.A vanguarda francesa, nos anos 20, não escolheu a narrativa. A narrativa era um aspecto da literatura e o cinema tinha que encontrar uma forma mais pura de expressão.O surrealismo estava longe de enredos e estórias, sua marca era demonstrar uma aversão total à burguesia.Todas estas formas de expressão tinham apenas um ponto em comum: se opunham ao sistema cinematográfico capitalista.Muitos diretores tiveram problemas com seus produtores que queriam interferir na montagem final do filme, obviamente, pensando no retorno financeiro.Por isso são tão importantes os circuitos alternativos de exibição, pois não fazem parte do sistema mercadológico.
O Superego
Nos anos 30 e 40, o cinema industrial americano tinha o diretor como um empregado entre muitos, que servia apenas pra dirigir os atores e supervisionar o plano de trabalho. Nem o roteiro e nem a montagem ficavam sobre a sua responsabilidade. Acabavam as filmagens e partiam pra outro trabalho que fossem escalados.Nos anos 50 a Nouvelle Vague francesa trabalhou duramente contra o anonimato, surgindo assim, o "filme de autor", no qual o autor era aquele que tinha total responsabilidade e poder sobre o filme. Os diretores tomaram pra si o trabalho como criação exclusiva, como se o cinema não fosse um trabalho coletivo.Os roteiristas, sentindo-se menosprezados, queriam tomar a atenção e lutaram pela valorização da escrita cinematográfica. Afinal, o filme seria feito para ilustrar o roteiro e não, vice e versa. Então começara um esvaziamento da imagem em favor da palavra.O que ainda não entendiam é que o cinema são fragmentos que formam um todo, que todas as funções são tão importantes quanto o narcisismo de um.Talvez a linguagem secreta do cinema seja fugir de todos estes esteriótipos. Seja a fuga da realidade. Seja a fuga do estrelismo. Seja abrir mão do egocentrismo em favor da arte.Buñuel comparou o filme aos sonhos, os de quando estamos dormindo. Não ao sonho que os americanos vendem de um ideal de vida burguesa. O artista vira uma estrela da mídia e o seu trabalho tanto faz.O elogio ao tédio e a necessidade que ele tinha de incomodar, uma rebeldia que não queria conciliar com o sistema dominante, tanto que não sentia-se satisfeito com boas críticas aos seus filmes.Buñuel queria ser anônimo, o que foi impossível, a ponto de defender a exclusão dos créditos no filme. Esta sim seria a verdadeira linguagem secreta do cinema.
Priscilla Duarte
Reforma da lei de #DireitoAutoral: melhor para a sociedade, melhor para os autores
Por Paulo Teixeira Deputado Federal (PT-SP)
http://www.pauloteixeira13.com.br/?p=6167
Não há dúvidas de que é preciso realizar um amplo debate em rede sobre direito autoral. Trata-se de um dos temas centrais para o desenvolvimento do Brasil, e estamos nos propondo a dialogar em conjunto com o Ministério da Cultura, que já disponibilizou para consulta pública a proposta de reforma da lei de direito autoral (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consulta_publica/DireitosAutorais.htm), construída em Fórum Nacional.
Essa é uma pauta transversal a outros temas em debate em nosso país – como o projeto do plano nacional de banda larga, o marco civil da internet, a regulamentação das lan houses, o software livre, além dos projetos de cultura e música em andamento.
O fato é que a legislação autoral vigente não compreende que o mundo mudou e que a internet democratiza a comunicação e, consequentemente, o acesso a conteúdos. Hoje, as relações na produção de bens culturais mudam constante e consideravelmente a cada momento.
Existem, no Brasil, interesses em criminalizar com muita rigidez a livre circulação de conteúdos, artísticos ou não, e isso é resultado de uma lei que contempla apenas um lado da questão, bem como interesses das grandes empresas. Isso quer dizer que, na atual legislação autoral, não existe possibilidade de uso justo e sem fins lucrativos de obras ou conteúdos em geral, inclusive as que são financiadas com dinheiro público – que é arrecadado de cada cidadão.
Compreendo que a Internet e os diversos dispositivos móveis mudaram e continuam mudando a realidade da comunicação e, por essa razão, muitos querem tornar crime a troca de conhecimentos e de bens culturais. Quem o defende são as gravadoras e os meios de comunicações tradicionais, que querem manter sua histórica hegemonia na indústria cultural.
Diante de tudo isso, faz-se necessário mudar a legislação por meio de uma amplo debate participativo, como é proposto pelo Minc. O resultado desse processo deve equilibrar a remuneração justa do autor e o acesso público aos conteúdos.
O debate aberto é fundamental e, muito embora criticar não signifique declarar guerra, não podemos fechar os olhos para as distorções negativas da atual lei. É preciso realizar um debate franco, aberto, responsável e com argumentos. Em inúmeros documentos, inclusive na CPI do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), realizada em São Paulo, constata-se que não existe transparência e nem fiscalização pública do que é arrecadado e repassado pelo ECAD.
Eis parte da conclusão desse documento: “As oitivas e os documentos obtidos ao longo desta CPI, todos anexados e fazendo parte integrante do processo, levaram à conclusão primordial de que o assunto ‘direitos autorais’ ligados à música encontra-se em estado institucional anárquico, pois o Estado perdeu o poder de normatização, supervisão e fiscalização que antes possuía, pela Lei no 5.998/73, revogada que foi pela Lei no 9.610/98” (Comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar possíveis irregularidades praticadas pelo escritório central de arrecadação e distribuição – Ecad, referentes ao eventual abuso, bem como à falta de critérios na cobrança de direitos autorais finalizada em abril de 2009).
Além disso, a atual lei não permite copiar/xerocar trechos de livros para fins educacionais, o que torna ilegais todos os serviços de xerox nas escolas e
universidades. Não é permitido copiar músicas de um CD para o celular, nem mesmo copiar um filme para o computador. Por isso, a consulta pública é fundamental, e já podemos analisar a proposta disponibilizada pelo Ministério da Cultura para a reforma da legislação autoral. É possível, inclusive, já destacar alguns pontos importantes:
1 – Cópia privada
Artigo 46 – Inciso I “a reprodução, por qualquer meio ou processo, de qualquer obra legitimamente adquirida, desde que feita em um só exemplar e pelo próprio copista, para seu uso privado e não comercial”
Da forma como está apresentada a redação, me parece que teremos problemas na regulamentação desse item. Qual seria o mecanismo para identificar se a obra foi adquirida legitimante e se a cópia foi feita apenas por quem a adquiriu? Como regulamentar? Assim, defendo que a nova lei permita a livre utilização/cópia de obras protegidas com direito autoral para uso privado, desde que tal uso não se dê com finalidade comercial.
2 – Conversão de formatos
artigo 46 – inciso II – “II – a reprodução, por qualquer meio ou processo, de qualquer obra legitimamente adquirida, quando destinada a garantir a sua portabilidade ou interoperabilidade, para uso privado e não comercial”
Este artigo está muito bom, pois significa que vamos ter a possibilidade de converter os formatos de
arquivos e copiar para nossos dispositivos móveis, como celulares e computadores.
3- artigo 46 inciso XIII
“A reprodução necessária à conservação, preservação e arquivamento de qualquer obra, sem finalidade comercial, desde que realizada por bibliotecas, arquivos, centros de documentação, museus, cinematecas e demais instituições museológicas, na medida justificada para atender aos seus fins;”
Neste ponto, a lei permite que instituições públicas como bibliotecas, museus e cinematecas possam fazer cópias livremente com o objetivo de preservar o nosso patrimônio cultural, sem precisar pedir autorização do autor.
4- Fiscalização do ECAD
Artigos 98, 98A e 98B
ECAD, Abramus e todas as associações representativas dos autores passam a ser fiscalizadas pelo governo. Eis um grande avanço. Proponho que todos os valores arrecadados e repassados sejam publicados em página eletrônica na internet, para fácil fiscalização pela sociedade. Além disso, é muito importante que essa fiscalização tenha, inclusive, um conselho gestor eleito pela sociedade. Nesse sentido, devemos considerar a experiência do Comitê Gestor da Internet no Brasil (Cgibr). O processo deverá ser público e não apenas estatal.
5 – Jabá
Artigo 110B – “Art. 110-B. O oferecimento, por parte de titular de direitos autorais ou pessoa a seu serviço, de ganho, vantagem, proveito ou benefício material direto ou indireto, para os proprietários, diretores, funcionários ou terceiros a serviço de empresas de radiodifusão ou serviços de televisão por assinatura, com o intuito de aumentar ou diminuir artificiosamente a frequência da execução ou exibição pública de obras ou fonogramas específicos, caracterizará infração da ordem econômica, na forma da Lei no 8.884, de 1994.”
Mesmo não mencionando a expressão “prática do jabá”, a proposta caracteriza essa prática como algo ilícito. O jabá constitui-se na prática mais vergonhosa da indústria fonográfica. Além de ser desleal, cria graves distorções para o pleno desenvolvimento da diversidade cultural, em que nosso país é rico. Por meio do jabá, quem paga faz acontecer, e quem não paga está excluído. O atual sistema de arrecadação e repasse monopolizado pelo ECAD, somado ao monopólio da comunicação, cria e torna comum essa prática.
Por tudo isso, a realização de um amplo debate é tão importante quanto urgente. Parece-nos claro que a atual legislação está em descompasso com as mudanças pelas quais a sociedade vem passando, de modo que é preciso unir forças a fim de marcar uma posição sólida e que atenda aos interesses dos autores e, é claro, de toda a sociedade.
http://www.pauloteixeira13.com.br/?p=6167
Não há dúvidas de que é preciso realizar um amplo debate em rede sobre direito autoral. Trata-se de um dos temas centrais para o desenvolvimento do Brasil, e estamos nos propondo a dialogar em conjunto com o Ministério da Cultura, que já disponibilizou para consulta pública a proposta de reforma da lei de direito autoral (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consulta_publica/DireitosAutorais.htm), construída em Fórum Nacional.
Essa é uma pauta transversal a outros temas em debate em nosso país – como o projeto do plano nacional de banda larga, o marco civil da internet, a regulamentação das lan houses, o software livre, além dos projetos de cultura e música em andamento.
O fato é que a legislação autoral vigente não compreende que o mundo mudou e que a internet democratiza a comunicação e, consequentemente, o acesso a conteúdos. Hoje, as relações na produção de bens culturais mudam constante e consideravelmente a cada momento.
Existem, no Brasil, interesses em criminalizar com muita rigidez a livre circulação de conteúdos, artísticos ou não, e isso é resultado de uma lei que contempla apenas um lado da questão, bem como interesses das grandes empresas. Isso quer dizer que, na atual legislação autoral, não existe possibilidade de uso justo e sem fins lucrativos de obras ou conteúdos em geral, inclusive as que são financiadas com dinheiro público – que é arrecadado de cada cidadão.
Compreendo que a Internet e os diversos dispositivos móveis mudaram e continuam mudando a realidade da comunicação e, por essa razão, muitos querem tornar crime a troca de conhecimentos e de bens culturais. Quem o defende são as gravadoras e os meios de comunicações tradicionais, que querem manter sua histórica hegemonia na indústria cultural.
Diante de tudo isso, faz-se necessário mudar a legislação por meio de uma amplo debate participativo, como é proposto pelo Minc. O resultado desse processo deve equilibrar a remuneração justa do autor e o acesso público aos conteúdos.
O debate aberto é fundamental e, muito embora criticar não signifique declarar guerra, não podemos fechar os olhos para as distorções negativas da atual lei. É preciso realizar um debate franco, aberto, responsável e com argumentos. Em inúmeros documentos, inclusive na CPI do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), realizada em São Paulo, constata-se que não existe transparência e nem fiscalização pública do que é arrecadado e repassado pelo ECAD.
Eis parte da conclusão desse documento: “As oitivas e os documentos obtidos ao longo desta CPI, todos anexados e fazendo parte integrante do processo, levaram à conclusão primordial de que o assunto ‘direitos autorais’ ligados à música encontra-se em estado institucional anárquico, pois o Estado perdeu o poder de normatização, supervisão e fiscalização que antes possuía, pela Lei no 5.998/73, revogada que foi pela Lei no 9.610/98” (Comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar possíveis irregularidades praticadas pelo escritório central de arrecadação e distribuição – Ecad, referentes ao eventual abuso, bem como à falta de critérios na cobrança de direitos autorais finalizada em abril de 2009).
Além disso, a atual lei não permite copiar/xerocar trechos de livros para fins educacionais, o que torna ilegais todos os serviços de xerox nas escolas e
universidades. Não é permitido copiar músicas de um CD para o celular, nem mesmo copiar um filme para o computador. Por isso, a consulta pública é fundamental, e já podemos analisar a proposta disponibilizada pelo Ministério da Cultura para a reforma da legislação autoral. É possível, inclusive, já destacar alguns pontos importantes:
1 – Cópia privada
Artigo 46 – Inciso I “a reprodução, por qualquer meio ou processo, de qualquer obra legitimamente adquirida, desde que feita em um só exemplar e pelo próprio copista, para seu uso privado e não comercial”
Da forma como está apresentada a redação, me parece que teremos problemas na regulamentação desse item. Qual seria o mecanismo para identificar se a obra foi adquirida legitimante e se a cópia foi feita apenas por quem a adquiriu? Como regulamentar? Assim, defendo que a nova lei permita a livre utilização/cópia de obras protegidas com direito autoral para uso privado, desde que tal uso não se dê com finalidade comercial.
2 – Conversão de formatos
artigo 46 – inciso II – “II – a reprodução, por qualquer meio ou processo, de qualquer obra legitimamente adquirida, quando destinada a garantir a sua portabilidade ou interoperabilidade, para uso privado e não comercial”
Este artigo está muito bom, pois significa que vamos ter a possibilidade de converter os formatos de
arquivos e copiar para nossos dispositivos móveis, como celulares e computadores.
3- artigo 46 inciso XIII
“A reprodução necessária à conservação, preservação e arquivamento de qualquer obra, sem finalidade comercial, desde que realizada por bibliotecas, arquivos, centros de documentação, museus, cinematecas e demais instituições museológicas, na medida justificada para atender aos seus fins;”
Neste ponto, a lei permite que instituições públicas como bibliotecas, museus e cinematecas possam fazer cópias livremente com o objetivo de preservar o nosso patrimônio cultural, sem precisar pedir autorização do autor.
4- Fiscalização do ECAD
Artigos 98, 98A e 98B
ECAD, Abramus e todas as associações representativas dos autores passam a ser fiscalizadas pelo governo. Eis um grande avanço. Proponho que todos os valores arrecadados e repassados sejam publicados em página eletrônica na internet, para fácil fiscalização pela sociedade. Além disso, é muito importante que essa fiscalização tenha, inclusive, um conselho gestor eleito pela sociedade. Nesse sentido, devemos considerar a experiência do Comitê Gestor da Internet no Brasil (Cgibr). O processo deverá ser público e não apenas estatal.
5 – Jabá
Artigo 110B – “Art. 110-B. O oferecimento, por parte de titular de direitos autorais ou pessoa a seu serviço, de ganho, vantagem, proveito ou benefício material direto ou indireto, para os proprietários, diretores, funcionários ou terceiros a serviço de empresas de radiodifusão ou serviços de televisão por assinatura, com o intuito de aumentar ou diminuir artificiosamente a frequência da execução ou exibição pública de obras ou fonogramas específicos, caracterizará infração da ordem econômica, na forma da Lei no 8.884, de 1994.”
Mesmo não mencionando a expressão “prática do jabá”, a proposta caracteriza essa prática como algo ilícito. O jabá constitui-se na prática mais vergonhosa da indústria fonográfica. Além de ser desleal, cria graves distorções para o pleno desenvolvimento da diversidade cultural, em que nosso país é rico. Por meio do jabá, quem paga faz acontecer, e quem não paga está excluído. O atual sistema de arrecadação e repasse monopolizado pelo ECAD, somado ao monopólio da comunicação, cria e torna comum essa prática.
Por tudo isso, a realização de um amplo debate é tão importante quanto urgente. Parece-nos claro que a atual legislação está em descompasso com as mudanças pelas quais a sociedade vem passando, de modo que é preciso unir forças a fim de marcar uma posição sólida e que atenda aos interesses dos autores e, é claro, de toda a sociedade.
A Potência de Existir - Michel Onfray, 2009
Antes de mais, talvez convenha sublinhar a vitalidade da prática filosófica na actualidade. Pensadores como Peter Singer (n. 1946), Peter Sloterdijk (n. 1947), Slavoj Zizek (n. 1949), Michel Onfray (n. 1959), entre outros, têm conseguido, cada um à sua maneira, ressuscitar a dimensão polémica da filosofia, monstro durante demasiado tempo adormecido na cama reflexiva e abstraccionista que manteve os filósofos de costas voltadas para os problemas da vida concreta. As propostas são diversificadas e logram entusiasmar os leitores com uma linguagem já não tão fechada sobre si própria, mas preocupada com a urgência de uma inteligibilidade que, não simplificando a natureza complexa do pensamento, o torna acessível aos leitores menos predispostos para o hermetismo.
O exemplo de Michel Onfray é particularmente entusiasmante, atendendo ao facto do autor ser avesso a uma filosofia construída em cisão com a vida, ou seja, contrário a todo o sistema filosófico erigido no plano do ideal sem um acompanhamento concreto e existencial daquele que o constrói. «Nunca como hoje foi tão urgente uma filosofia do corpo existencial» (p. 68), diz; e acrescenta: «A prova do filósofo? A sua vida. Uma obra escrita sem a vida filosófica que a acompanha não vale a pena nem por um segundo» (p. 73). Aqui se nota a ruptura com os apologistas de uma separação das águas teórica e prática, como se uma pudesse justificar-se sem a outra. Quem estiver familiarizado com a obra de Onfray, constatará o recurso frequente ao exemplo pessoal, ao dado biográfico, à pequena história, até mesmo à anedota enquanto síntese teatral do pensamento e da teoria.
A Potência de Existir – Manifesto Hedonista (Campo da Comunicação, Fevereiro de 2009) abre precisamente com uma narrativa autobiográfica onde o filósofo francês dá conta da relação problemática mantida com a sua mãe e da experiência humilhante e opressora passada no orfanato de Giel. O exemplo dos antigos cínicos é levado à letra, mas liberto das impurezas de uma historiografia que pretendeu fixar a atitude cínica confundindo-a com mera ironia, anedota, provocação. Também Onfray desmonta a realidade denunciando-a, procurando mostrá-la para lá das fábulas que geralmente a disfarçam, desvelando os sonhos do idealismo enquanto aponta as fissuras do discurso oficial. Que pegue numa figura caluniada pela historiografia dominante, nomeadamente Epicuro, propondo uma contra-história da filosofia, apenas demonstra uma arguta consciência crítica cujo fim será a construção de um sistema hedonista.
O subtítulo deste livro não deixa margens para dúvidas. Trata-se de uma síntese do trabalho realizado noutras obras, algumas das quais à disposição do público português. Assim, nas várias partes que compõem este manifesto, o filósofo percorre as teses de uma moral estética anteriormente desenvolvida em A Escultura do Eu (Quarteto, Julho de 2003), a erótica solar explanada na Teoria do Corpo Amoroso (Temas e Debates, Setembro de 2001), o tratado de resistência e de insubmissão que já conhecíamos de A Política do Rebelde (Instituto Piaget, 1999) ou a física da metafísica levada a cabo no Tratado de Ateologia (Edições Asa, Setembro de 2007).
As sinopses são clarificadoras de um projecto assente numa crítica feroz à herança moral judaico-cristã. Reduz-se Deus a uma resposta às fraquezas humanas, gerada pelo medo do homem perante si próprio, o mesmo medo que o afastou do corpo, dos prazeres do corpo, sacrificando-o, adestrando-o a ponto de o castrar nas suas potencialidades e de o desviar do espanto concentrado nos postulados da alma. Realizado o diagnóstico, parte-se para o estabelecimento dos princípios que deverão sustentar uma ética dinâmica. O objectivo consiste em abulir a miséria sexual instalada pelo pensamento cristão e abrir caminho para uma libertinagem pós-moderna, inalienável de um contrato hedonista onde o «bom» e o «mau» surjam não de uma atitude impositiva mas de um diálogo permanente entre o «eu» e o «outro».
No hedonismo onfrayano a ética não é separável da erótica, faz-se em diálogo com a metafísica, à política corresponde uma estética, a estética resulta de uma epistemologia, isto é, todas as dimensões do pensamento estão interligadas por um só propósito: encontrar uma saída do niilismo actual, não estar morto durante a vida. A revalorização do corpo seria insustentável sem uma estética que não denunciasse as balelas da arte inconsistente, falsamente profunda, justificando-se permanentemente a partir dos pressupostos da intransmissibilidade e do indizível. Onfray defende uma repolitização da arte, que nada deve a uma arte política, mas sim à «introdução de um conteúdo capaz de produzir um agir comunicacional».
«O movimento para o nada foi defeituoso; aquele que nos afasta dele, restabelecendo os antigos valores, também o é. Nem o zen nem o Kitsch. O quê, então? O gosto pelo real e pela matéria do mundo, a vontade de imanência e do mundano, a paixão pela textura das coisas, pela suavidade dos materiais, pela coloração das substâncias» (p. 163-164). Contra a transcendência, pela imanência, a audácia de uma filosofia do corpo existencial, uma bioética libertária, uma política do prazer consciente das suas resistências e dos seus anti-corpos. Nada de utopias universalizantes. Irrealizável no mundo, uma filosofia assim pode concretizar-se enquanto guia prático na vida dos indivíduos que, lá está, conscientes de uma morte inevitável a enfrentem em vida com os dentes arreganhados, à mostra.
O exemplo de Michel Onfray é particularmente entusiasmante, atendendo ao facto do autor ser avesso a uma filosofia construída em cisão com a vida, ou seja, contrário a todo o sistema filosófico erigido no plano do ideal sem um acompanhamento concreto e existencial daquele que o constrói. «Nunca como hoje foi tão urgente uma filosofia do corpo existencial» (p. 68), diz; e acrescenta: «A prova do filósofo? A sua vida. Uma obra escrita sem a vida filosófica que a acompanha não vale a pena nem por um segundo» (p. 73). Aqui se nota a ruptura com os apologistas de uma separação das águas teórica e prática, como se uma pudesse justificar-se sem a outra. Quem estiver familiarizado com a obra de Onfray, constatará o recurso frequente ao exemplo pessoal, ao dado biográfico, à pequena história, até mesmo à anedota enquanto síntese teatral do pensamento e da teoria.
A Potência de Existir – Manifesto Hedonista (Campo da Comunicação, Fevereiro de 2009) abre precisamente com uma narrativa autobiográfica onde o filósofo francês dá conta da relação problemática mantida com a sua mãe e da experiência humilhante e opressora passada no orfanato de Giel. O exemplo dos antigos cínicos é levado à letra, mas liberto das impurezas de uma historiografia que pretendeu fixar a atitude cínica confundindo-a com mera ironia, anedota, provocação. Também Onfray desmonta a realidade denunciando-a, procurando mostrá-la para lá das fábulas que geralmente a disfarçam, desvelando os sonhos do idealismo enquanto aponta as fissuras do discurso oficial. Que pegue numa figura caluniada pela historiografia dominante, nomeadamente Epicuro, propondo uma contra-história da filosofia, apenas demonstra uma arguta consciência crítica cujo fim será a construção de um sistema hedonista.
O subtítulo deste livro não deixa margens para dúvidas. Trata-se de uma síntese do trabalho realizado noutras obras, algumas das quais à disposição do público português. Assim, nas várias partes que compõem este manifesto, o filósofo percorre as teses de uma moral estética anteriormente desenvolvida em A Escultura do Eu (Quarteto, Julho de 2003), a erótica solar explanada na Teoria do Corpo Amoroso (Temas e Debates, Setembro de 2001), o tratado de resistência e de insubmissão que já conhecíamos de A Política do Rebelde (Instituto Piaget, 1999) ou a física da metafísica levada a cabo no Tratado de Ateologia (Edições Asa, Setembro de 2007).
As sinopses são clarificadoras de um projecto assente numa crítica feroz à herança moral judaico-cristã. Reduz-se Deus a uma resposta às fraquezas humanas, gerada pelo medo do homem perante si próprio, o mesmo medo que o afastou do corpo, dos prazeres do corpo, sacrificando-o, adestrando-o a ponto de o castrar nas suas potencialidades e de o desviar do espanto concentrado nos postulados da alma. Realizado o diagnóstico, parte-se para o estabelecimento dos princípios que deverão sustentar uma ética dinâmica. O objectivo consiste em abulir a miséria sexual instalada pelo pensamento cristão e abrir caminho para uma libertinagem pós-moderna, inalienável de um contrato hedonista onde o «bom» e o «mau» surjam não de uma atitude impositiva mas de um diálogo permanente entre o «eu» e o «outro».
No hedonismo onfrayano a ética não é separável da erótica, faz-se em diálogo com a metafísica, à política corresponde uma estética, a estética resulta de uma epistemologia, isto é, todas as dimensões do pensamento estão interligadas por um só propósito: encontrar uma saída do niilismo actual, não estar morto durante a vida. A revalorização do corpo seria insustentável sem uma estética que não denunciasse as balelas da arte inconsistente, falsamente profunda, justificando-se permanentemente a partir dos pressupostos da intransmissibilidade e do indizível. Onfray defende uma repolitização da arte, que nada deve a uma arte política, mas sim à «introdução de um conteúdo capaz de produzir um agir comunicacional».
«O movimento para o nada foi defeituoso; aquele que nos afasta dele, restabelecendo os antigos valores, também o é. Nem o zen nem o Kitsch. O quê, então? O gosto pelo real e pela matéria do mundo, a vontade de imanência e do mundano, a paixão pela textura das coisas, pela suavidade dos materiais, pela coloração das substâncias» (p. 163-164). Contra a transcendência, pela imanência, a audácia de uma filosofia do corpo existencial, uma bioética libertária, uma política do prazer consciente das suas resistências e dos seus anti-corpos. Nada de utopias universalizantes. Irrealizável no mundo, uma filosofia assim pode concretizar-se enquanto guia prático na vida dos indivíduos que, lá está, conscientes de uma morte inevitável a enfrentem em vida com os dentes arreganhados, à mostra.
cinema e educação
Abaixo, dois trabalhos acadêmicos de Adriane Camilo Costa para a Faculdade de Artes Visuais da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS sobre cineclubismo e educação.
1 - "Possibilidades do filme infantil na educação escolar"
http://www.anpap.org.br/2007/2007/artigos/064.pdf
Resumo: Ainda há muito para as instituições educacionais aprenderem a respeito das relações entre os processos de aprendizagem e as possibilidades propiciadas pelas mídias atuais. Considerando as dificuldades dos educadores frente à utilização dos recursos audiovisuais, decidimos discutir o cinema como campo midiático na sociedade contemporânea, com o objetivo de analisar as relações entre as narrativas produzidas pela indústria cinematográfica de filmes infantis e o contexto educacional, entendendo a filmografia como forma de estimular, nas crianças, a observação, capacidade de julgamento, sensibilidade, experiência estética, bem como articular espaços de discussão e interpretação de filmes com professores e com crianças.
2 - "O Cinema como mediador na Educação para a Cultura Visual"
http://brasilianasorg.com.br/sites/default/files/documentos/Adriane_Camilo_Costa.pdf
Resumo: Neste estudo é proposta uma investigação sobre a ampliação das possibilidades de articulação, informação e interação de estudantes com o mundo da cultura visual e suas múltiplas formas de expressão, tendo como eixo orientador o cinema. Nesses termos, parte da observação de construção imagética favorecida pela visualidade que o cinema proporciona e potencializa, questionando como essa construção é compreendida por crianças com idade entre 08 e 10 anos. A pesquisa de campo foi realizada em duas etapas, com dois grupos de crianças, cada grupo com números distintos de componentes. O primeiro grupo foi formado com vinte e cinco crianças, e o segundo por nove destas crianças. O trabalho com o grupo maior se aproximou, na dinâmica e na quantidade de alunos, com o contexto das salas de aula da educação formal; enquanto o trabalho com o grupo menor permitiu uma maior aproximação do processo de assimilação e construção de conhecimento. À medida que as crianças interagiam com as informações fornecidas pelas histórias dos filmes e construíam imagens por meio de desenhos, trabalhos com argila e outros meios, exercitavam a observação, a imaginação e a memória. As crianças representaram as relações estabelecidas entre o percebido no filme com o já conhecido por elas, por meio da elaboração imaginária. Este estudo confirma o importante papel que o cinema pode assumir na dinâmica da construção de conhecimento e experiência estética junto às crianças na faixa etária entre oito e dez anos.
1 - "Possibilidades do filme infantil na educação escolar"
http://www.anpap.org.br/2007/2007/artigos/064.pdf
Resumo: Ainda há muito para as instituições educacionais aprenderem a respeito das relações entre os processos de aprendizagem e as possibilidades propiciadas pelas mídias atuais. Considerando as dificuldades dos educadores frente à utilização dos recursos audiovisuais, decidimos discutir o cinema como campo midiático na sociedade contemporânea, com o objetivo de analisar as relações entre as narrativas produzidas pela indústria cinematográfica de filmes infantis e o contexto educacional, entendendo a filmografia como forma de estimular, nas crianças, a observação, capacidade de julgamento, sensibilidade, experiência estética, bem como articular espaços de discussão e interpretação de filmes com professores e com crianças.
2 - "O Cinema como mediador na Educação para a Cultura Visual"
http://brasilianasorg.com.br/sites/default/files/documentos/Adriane_Camilo_Costa.pdf
Resumo: Neste estudo é proposta uma investigação sobre a ampliação das possibilidades de articulação, informação e interação de estudantes com o mundo da cultura visual e suas múltiplas formas de expressão, tendo como eixo orientador o cinema. Nesses termos, parte da observação de construção imagética favorecida pela visualidade que o cinema proporciona e potencializa, questionando como essa construção é compreendida por crianças com idade entre 08 e 10 anos. A pesquisa de campo foi realizada em duas etapas, com dois grupos de crianças, cada grupo com números distintos de componentes. O primeiro grupo foi formado com vinte e cinco crianças, e o segundo por nove destas crianças. O trabalho com o grupo maior se aproximou, na dinâmica e na quantidade de alunos, com o contexto das salas de aula da educação formal; enquanto o trabalho com o grupo menor permitiu uma maior aproximação do processo de assimilação e construção de conhecimento. À medida que as crianças interagiam com as informações fornecidas pelas histórias dos filmes e construíam imagens por meio de desenhos, trabalhos com argila e outros meios, exercitavam a observação, a imaginação e a memória. As crianças representaram as relações estabelecidas entre o percebido no filme com o já conhecido por elas, por meio da elaboração imaginária. Este estudo confirma o importante papel que o cinema pode assumir na dinâmica da construção de conhecimento e experiência estética junto às crianças na faixa etária entre oito e dez anos.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Idade de ouro do cinema egípcio chega a São Paulo
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Houve um tempo em que o Egito foi quase como Hollywood. Ao menos para o mundo árabe.Eram tantos os filmes egípcios consumidos pelos países árabes entre as décadas de 1940 e 1970 que o cinema chegou a ser a segunda força econômica do país, atrás apenas do algodão. Pois são algumas das pérolas dessa idade de ouro que os paulistanos poderão ver até o dia 11 de julho. A mostra "Clássicos do Cinema Egípcio", em cartaz no Cinesesc, na Galeria Olido e na Cinemateca, reúne nove filmes trazidos, em película 35 milímetros, do Egito para cá. "São filmes muito conhecidos no mundo oriental, mas raríssimos aqui", diz Arlene Clemesha, uma das organizadoras da mostra. Clemesha esteve no Egito pessoalmente no início deste ano e, com a ajuda da Cinemateca local, conseguiu as cópias que agora rodam em nossos projetores.
Luta social
Dentre os filmes garimpados há dois que estão no imaginário de qualquer cinéfilo: "A Terra" (1969), de Youssef Chahine, e "A Múmia" (1969), de Chadi Abd al-Salam. São obras que, ainda hoje, impressionam. "A Terra" é um retrato cru, e ao mesmo tempo romântico, da luta do homem pela terra que outros _ economicamente mais fortes --querem tirar dele. Chahine constroi cenas memoráveis, como a da terra sendo irrigada de maneira épica ou as mãos a arranhar o chão, no plano final. Mas o filme também traz algo de "As Mil e Uma Noites", com seus amores que, para o Ocidente, soam um pouco como lenda. "A Múmia", por sua vez, nos ajuda a compreender a própria história do Egito, o fardo que é carregar, para sempre, uma antiguidade marcante. O filme, de tão cultuado, foi restaurado pela Fundação Martin Scorsese. Mas a seleção inclui também produções de temática mais leve, como "Algodão Doce" (1949), de Anwar Wagdi, um filme de viés romântico. "Existe uma longa tradição do melodrama no cinema egípcio", diz Clemesha. "Mas, nesse auge, muitos filmes tinham também um forte aspecto social. Vários diretores procuraram retratar a população rural, a miséria e até mesmo o papel da mulher na sociedade."
Decadência
A partir dos anos 1970, com a estatização da produção cinematográfica, o cinema egípcio foi, pouco a pouco, perdendo seu vigor. Hoje, é consumido localmente, mas raríssimas vezes viaja para o exterior. A partir dos anos 1980, outros países árabes, como Tunísia e Argélia, passaram a produzir cinemas nacionais com força artística. "Hoje, curiosamente, um dos cinemas mais interessantes do mundo árabe é feito na Palestina, um país que não existe", observa Clemesha.
A programação completa da mostra "Clássicos do Cinema Egípcio" você encontra em imo2010.icarabe.org
DE SÃO PAULO
Houve um tempo em que o Egito foi quase como Hollywood. Ao menos para o mundo árabe.Eram tantos os filmes egípcios consumidos pelos países árabes entre as décadas de 1940 e 1970 que o cinema chegou a ser a segunda força econômica do país, atrás apenas do algodão. Pois são algumas das pérolas dessa idade de ouro que os paulistanos poderão ver até o dia 11 de julho. A mostra "Clássicos do Cinema Egípcio", em cartaz no Cinesesc, na Galeria Olido e na Cinemateca, reúne nove filmes trazidos, em película 35 milímetros, do Egito para cá. "São filmes muito conhecidos no mundo oriental, mas raríssimos aqui", diz Arlene Clemesha, uma das organizadoras da mostra. Clemesha esteve no Egito pessoalmente no início deste ano e, com a ajuda da Cinemateca local, conseguiu as cópias que agora rodam em nossos projetores.
Luta social
Dentre os filmes garimpados há dois que estão no imaginário de qualquer cinéfilo: "A Terra" (1969), de Youssef Chahine, e "A Múmia" (1969), de Chadi Abd al-Salam. São obras que, ainda hoje, impressionam. "A Terra" é um retrato cru, e ao mesmo tempo romântico, da luta do homem pela terra que outros _ economicamente mais fortes --querem tirar dele. Chahine constroi cenas memoráveis, como a da terra sendo irrigada de maneira épica ou as mãos a arranhar o chão, no plano final. Mas o filme também traz algo de "As Mil e Uma Noites", com seus amores que, para o Ocidente, soam um pouco como lenda. "A Múmia", por sua vez, nos ajuda a compreender a própria história do Egito, o fardo que é carregar, para sempre, uma antiguidade marcante. O filme, de tão cultuado, foi restaurado pela Fundação Martin Scorsese. Mas a seleção inclui também produções de temática mais leve, como "Algodão Doce" (1949), de Anwar Wagdi, um filme de viés romântico. "Existe uma longa tradição do melodrama no cinema egípcio", diz Clemesha. "Mas, nesse auge, muitos filmes tinham também um forte aspecto social. Vários diretores procuraram retratar a população rural, a miséria e até mesmo o papel da mulher na sociedade."
Decadência
A partir dos anos 1970, com a estatização da produção cinematográfica, o cinema egípcio foi, pouco a pouco, perdendo seu vigor. Hoje, é consumido localmente, mas raríssimas vezes viaja para o exterior. A partir dos anos 1980, outros países árabes, como Tunísia e Argélia, passaram a produzir cinemas nacionais com força artística. "Hoje, curiosamente, um dos cinemas mais interessantes do mundo árabe é feito na Palestina, um país que não existe", observa Clemesha.
A programação completa da mostra "Clássicos do Cinema Egípcio" você encontra em imo2010.icarabe.org
domingo, 27 de junho de 2010
Deu no jornal Folha de São Paulo de hoje: Oficinas Culturais serão extintas.
Sempre achei que, depois da criação da rede de bibliotecas públicas, em 1935, pelo Mário de Andrade, as Oficinas Culturais eram a proposta mais avançada surgida no plano das políticas públicas de cultura em São Paulo. Voltadas para a formação de pessoas das mais diversas comunidades em todas as linguagens artísticas, as Oficinas superaram a visão “espetacular” de promoção de eventos que sempre marcou a visão burguesa de política cultural. As Oficinas permitiam que um(a) garoto(a) de uma comunidade carente e/ou distante pudesse descobrir, por exemplo, seu talento para tocar fagote. Ou dançar, interpretar, fazer cinema... Era uma estrutura e uma rede de unidades permanente, para além de iniciativas filantrópicas locais ou efêmeras (que também têm sua validade). A idéia foi implantada a partir do projeto desenvolvido e concretizado, inicialmente no Bom Retiro, na capital, por Rudhá de Andrade (justamente filho do outro Andrade) e Pedro Brás, dois velhos cineclubistas, em 1986 - se não me engano (me corrija, Carlos Seabra) na gestão do Jorge da Cunha Lima na secretaria de Cultura do estado.
O fim das Oficinas é exemplar sob vários aspectos. Mostra o papel das OSs (Organizações da Sociedade Civil) que, na verdade, constituem-se apenas numa forma do Estado “administrar” a burra burocracia estatal, mas sem qualquer autonomia ou democracia, isto é, sem real participação da sociedade, do público. Associações de fachada. Um memorando do secretário basta para acabar com a “Associação de Amigos” que geria atualmente as oficinas, e encerrar sem contestação cidadã uma trajetória de muitos anos de prática cultural que atingiu vários bairros e cidades paulistas. A medida recupera em sua integralidade a concepção de política pública limitada a eventos e ações privadas, reforçada, especialmente na gestão Sayad, por uma política de “personalismo monumental”. Explico: o economista que agora preside a TV Cultura (sem qualquer experiência prévia no campo) deixa um programa - de criação de um teatro de dança e de adaptação do prédio do Departamento de Trânsito para museu - que deve consumir quase um bilhão de reais (quantia bem superior ao orçamento da pasta). O projeto do novo teatro paulista foi definido sem licitação e entregue a um arquiteto sem qualquer concurso – fugindo a procedimento de praxe em todo o mundo. Centenas de milhões alocados pela escolha pessoal do secretário e do governador, grandes críticos da moralidade do governo federal... Para que, ao lado da Sala São Paulo, a elite paulistana possa ter também um teatro "de nível internacional" para uma companhia de dança. Política pública é uma questão de gerir necessidades e prioridades. Enquanto isso, a manutenção das bibliotecas e outros equipamentos públicos está abandonada, o projeto PopCine de criação de salas populares de cinema foi substituído pelo repasse de recursos diretamente aos exibidores comerciais, e as Oficinas, fechadas.
Evento e Monumento, em acertos diretos com a empresa privada. É a moral e a política cultural do PSDB. Um exemplo e um alerta do que deve acontecer com o Brasil se o José Serra for eleito presidente.
Abraços,
Felipe Macedo
http://www.felipemacedocineclubes.blogspot.com/
http://www.diariocineclubista.blogspot.com
http://popcines.blogspot.com/
O fim das Oficinas é exemplar sob vários aspectos. Mostra o papel das OSs (Organizações da Sociedade Civil) que, na verdade, constituem-se apenas numa forma do Estado “administrar” a burra burocracia estatal, mas sem qualquer autonomia ou democracia, isto é, sem real participação da sociedade, do público. Associações de fachada. Um memorando do secretário basta para acabar com a “Associação de Amigos” que geria atualmente as oficinas, e encerrar sem contestação cidadã uma trajetória de muitos anos de prática cultural que atingiu vários bairros e cidades paulistas. A medida recupera em sua integralidade a concepção de política pública limitada a eventos e ações privadas, reforçada, especialmente na gestão Sayad, por uma política de “personalismo monumental”. Explico: o economista que agora preside a TV Cultura (sem qualquer experiência prévia no campo) deixa um programa - de criação de um teatro de dança e de adaptação do prédio do Departamento de Trânsito para museu - que deve consumir quase um bilhão de reais (quantia bem superior ao orçamento da pasta). O projeto do novo teatro paulista foi definido sem licitação e entregue a um arquiteto sem qualquer concurso – fugindo a procedimento de praxe em todo o mundo. Centenas de milhões alocados pela escolha pessoal do secretário e do governador, grandes críticos da moralidade do governo federal... Para que, ao lado da Sala São Paulo, a elite paulistana possa ter também um teatro "de nível internacional" para uma companhia de dança. Política pública é uma questão de gerir necessidades e prioridades. Enquanto isso, a manutenção das bibliotecas e outros equipamentos públicos está abandonada, o projeto PopCine de criação de salas populares de cinema foi substituído pelo repasse de recursos diretamente aos exibidores comerciais, e as Oficinas, fechadas.
Evento e Monumento, em acertos diretos com a empresa privada. É a moral e a política cultural do PSDB. Um exemplo e um alerta do que deve acontecer com o Brasil se o José Serra for eleito presidente.
Abraços,
Felipe Macedo
http://www.felipemacedocineclubes.blogspot.com/
http://www.diariocineclubista.blogspot.com
http://popcines.blogspot.com/
O cinema vai ao povo
Atualmente o Brasil tem 2.200 salas de cinema, um número pequeno quando leva-se em conta a concentração das salas nos grandes centros urbanos do país. No Rio Grande do Norte, por exemplo, apenas Natal e Mossoró são contempladas com as estruturas de projeção de filmes. O número é alarmante. A média nacional é de 86,3 mil habitantes por sala. A alternativa acaba sendo os projetos culturais, que levam estruturas de projeção de filmes às comunidades periféricas ou às cidades mais distantes.
Uma destas iniciativas é o Cine Alecrim, que está sendo inaugurado hoje, no Centro Comunitário do Bairro, ao lado do mercado da Avenida Quatro. O Cine Alecrim é o resultado de uma parceria feita entre a ABD-RN e o Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual e o projeto Cine Mais Cultura.
A ideia é exibir um filme semanalmente e discutir a performance do filme com um produtor local. Na edição de hoje serão exibidos a partir das 19h, o longa “Patativa do Assaré”, dirigido por Rosemberg Cariri e o curta “O Senhor do Engenho”, dirigido por Bertand Lira.
Patativa do Assaré fala da vida e da obra do poeta, destacando a relevância dos seus poemas, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura.
Já O Senhor do Engenho conta a história do pequeno agricultor do nordeste brasileiro, na contra-mão da onda avassaladora de desmantelamento dos engenhos de cana de açúcar, que realiza um sonho acalentado desde a infância ao adquirir sua própria moenda.
A escolha dos filmes, segundo o diretor presidente da ABD-RN, o cineasta Carlos Tourinho é o de levar para o público, filmes que tratem de uma realidade próxima. Durante a sessão de hoje não haverá o debate com o produtor local, por se tratar da inauguração.
Segundo Carlos Tourinho, o Cine Alecrim é uma forma de colaborar com a formação de plateia para o cinema e ajudar na criação de uma demanda para o cinema brasileiro. Além disso, não existe uma reserva no mercado cultural interno para a produção nacional. “É preciso valorizar o produto local, porque traz a mão de obra, o emprego e colabora para a autonomia dos realizadores brasileiros”, disse Tourinho. O projeto entrará em cartaz todas as quintas-feiras, no mesmo horário.
Iniciativa de cine itinerante da Ultragaz chega a Natal
Assim como o Cine Alecrim, que colabora com a formação de plateia a partir de um ponto de exibição de filmes em bairro menos favorecido, o projeto itinerante da empresa Ultragaz percorre cidades brasileiras levando filmes, só que desta vez, do circuito comercial.
O Ultragaz Cultural percorre 25 cidades brasileiras, levando o cinema às comunidades mais carentes. Os filmes são exibidos numa carreta, onde é instalada uma sala de cinema. As crianças, os jovens e os adultos menos favorecidos de Natal poderão ver os filmes a partir de hoje, no Centro de Lazer dos Panatis, no Conjunto Panatis, das 8h30 às 18h.
Os ingressos serão distribuídos para alunos de escolas públicas (municipais e estaduais) e crianças assistidas por entidades filantrópicas. Para a comunidade são destinadas as sessões das 18h (com um número limitado de lugares). Durante os intervalos de cada sessão, o público está convidado a conhecer a sala de cinema que fica co interior do caminhão.
O projeto está em sua nona edição. Durante quatro meses serão feitas cerca de 240 apresentações, de filmes que há pouco saíram de cartaz nas salas de cinema comerciais. Alguns destes filmes são “A era do Gelo 3”, “Um faz de conta que acontece”, “O Exterminador do futuro”, dentre outros.
Os filmes exibidos hoje são: “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes” (às 8h30); “Um Faz de Conta que Acontece” (às 10h); “A Era do Gelo 3” (às 14h); “Up Altas Aventuras” (às 16h); e “O Exterminador do Futuro” (às 18h). Os filmes de amanhã são: “Alvin e os Esquilos 2” (às 8h30); “Um Faz de Conta que Acontece” (às 12h); “A Era do Gelo 3” (às 14h); Up Altas Aventuras” (às 16h); e “Transformers” (às 18h).
Opinião
O cineclubista, cineasta e realizador alagoano, Hermano Figueiredo não concorda com ações itinerantes e diz que a saída para levar cinema às comunidades mais distantes (ou urbanas e periféricas) é criar associações como o próprio cineclube. Segundo ele, caminhões que levam cinema para tal lugar e iniciativas semelhantes são formas de excluir cada vez mais as comunidades já excluídas. “Democratizar é levar condições de organizar linhas de apoio a criação de grupos organizados para a exibição de filmes”, disse Hermano.
Outro ponto de vista é o da produtora Ana Lira. Ela acredita que iniciativas que visem a difusão e a formação de plateia, mesmo que sejam itinerantes, são positivos. Ela foi a responsável por dois projetos semelhantes. Um durante o Festival Gastronômico de Martins e outro numa antiga sala de cinema do Natal shopping, ambos em película. Ela fala que “não adianta levar um filme que as crianças não vão gostar. Nesta situação existe o risco de que elas fiquem com raiva do cinema”, disse.
Cinema no interior do Brasil
Para colaborar com a difusão das salas de cinema no Brasil o Governo Federal lança hoje o programa Cinema Perto de Você, que pretende abrir salas de exibição para preencher “vácuos” do circuito brasileiro. A iniciativa visa a incentivar o setor privado a erguer cinemas em periferias de grandes centros urbanos e em municípios sem essa opção cultural, por meio de linhas de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de isenção tributária na manutenção e construção dos empreendimentos. É o “Cine Classe C”, que surge com uma meta ambiciosa: 600 novas salas em um intervalo de quatro anos.
Caso vingue, o programa fará o parque exibidor brasileiro saltar dos atuais 2.200 para 2.800 cinemas, número ainda inferior aos patamares da década de 1970, quando chegou-se a 3.276 em funcionamento no País.
As cifras divulgadas pela Ancine prevêem R$ 500 milhões para contratos de empréstimo e investimento, via Fundo Setorial do Audiovisual e Programa de Apoio à Cadeia Produtiva do Audiovisual (Procult), do BNDES. Também serão suspensos os tributos federais sobre máquinas, aparelhos, equipamentos e materiais de construção; a venda de ingressos e a publicidade serão isentas de PIS e Cofins por até cinco anos. A renúncia fiscal chegará a R$ 168 milhões.
O foco principal do Cinema Perto de Você são os 89 municípios com mais de 100 mil habitantes e sem nenhuma sala de exibição, como Ananindeua (PA) e Belford Roxo (RJ). Nas grandes cidades, o programa mira as zonas periféricas mais povoadas. Com a iniciativa do governo, o preço médio de uma sala de cinema deve cair de R$ 900 mil para R$ 700 mil, estima Rangel.
Maria Betânia Monteiro – repórter
Publicação: Jornal Tribuna do Norte / Natal / RN / 24 de Junho de 2010 às 00:00
Uma destas iniciativas é o Cine Alecrim, que está sendo inaugurado hoje, no Centro Comunitário do Bairro, ao lado do mercado da Avenida Quatro. O Cine Alecrim é o resultado de uma parceria feita entre a ABD-RN e o Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual e o projeto Cine Mais Cultura.
A ideia é exibir um filme semanalmente e discutir a performance do filme com um produtor local. Na edição de hoje serão exibidos a partir das 19h, o longa “Patativa do Assaré”, dirigido por Rosemberg Cariri e o curta “O Senhor do Engenho”, dirigido por Bertand Lira.
Patativa do Assaré fala da vida e da obra do poeta, destacando a relevância dos seus poemas, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura.
Já O Senhor do Engenho conta a história do pequeno agricultor do nordeste brasileiro, na contra-mão da onda avassaladora de desmantelamento dos engenhos de cana de açúcar, que realiza um sonho acalentado desde a infância ao adquirir sua própria moenda.
A escolha dos filmes, segundo o diretor presidente da ABD-RN, o cineasta Carlos Tourinho é o de levar para o público, filmes que tratem de uma realidade próxima. Durante a sessão de hoje não haverá o debate com o produtor local, por se tratar da inauguração.
Segundo Carlos Tourinho, o Cine Alecrim é uma forma de colaborar com a formação de plateia para o cinema e ajudar na criação de uma demanda para o cinema brasileiro. Além disso, não existe uma reserva no mercado cultural interno para a produção nacional. “É preciso valorizar o produto local, porque traz a mão de obra, o emprego e colabora para a autonomia dos realizadores brasileiros”, disse Tourinho. O projeto entrará em cartaz todas as quintas-feiras, no mesmo horário.
Iniciativa de cine itinerante da Ultragaz chega a Natal
Assim como o Cine Alecrim, que colabora com a formação de plateia a partir de um ponto de exibição de filmes em bairro menos favorecido, o projeto itinerante da empresa Ultragaz percorre cidades brasileiras levando filmes, só que desta vez, do circuito comercial.
O Ultragaz Cultural percorre 25 cidades brasileiras, levando o cinema às comunidades mais carentes. Os filmes são exibidos numa carreta, onde é instalada uma sala de cinema. As crianças, os jovens e os adultos menos favorecidos de Natal poderão ver os filmes a partir de hoje, no Centro de Lazer dos Panatis, no Conjunto Panatis, das 8h30 às 18h.
Os ingressos serão distribuídos para alunos de escolas públicas (municipais e estaduais) e crianças assistidas por entidades filantrópicas. Para a comunidade são destinadas as sessões das 18h (com um número limitado de lugares). Durante os intervalos de cada sessão, o público está convidado a conhecer a sala de cinema que fica co interior do caminhão.
O projeto está em sua nona edição. Durante quatro meses serão feitas cerca de 240 apresentações, de filmes que há pouco saíram de cartaz nas salas de cinema comerciais. Alguns destes filmes são “A era do Gelo 3”, “Um faz de conta que acontece”, “O Exterminador do futuro”, dentre outros.
Os filmes exibidos hoje são: “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes” (às 8h30); “Um Faz de Conta que Acontece” (às 10h); “A Era do Gelo 3” (às 14h); “Up Altas Aventuras” (às 16h); e “O Exterminador do Futuro” (às 18h). Os filmes de amanhã são: “Alvin e os Esquilos 2” (às 8h30); “Um Faz de Conta que Acontece” (às 12h); “A Era do Gelo 3” (às 14h); Up Altas Aventuras” (às 16h); e “Transformers” (às 18h).
Opinião
O cineclubista, cineasta e realizador alagoano, Hermano Figueiredo não concorda com ações itinerantes e diz que a saída para levar cinema às comunidades mais distantes (ou urbanas e periféricas) é criar associações como o próprio cineclube. Segundo ele, caminhões que levam cinema para tal lugar e iniciativas semelhantes são formas de excluir cada vez mais as comunidades já excluídas. “Democratizar é levar condições de organizar linhas de apoio a criação de grupos organizados para a exibição de filmes”, disse Hermano.
Outro ponto de vista é o da produtora Ana Lira. Ela acredita que iniciativas que visem a difusão e a formação de plateia, mesmo que sejam itinerantes, são positivos. Ela foi a responsável por dois projetos semelhantes. Um durante o Festival Gastronômico de Martins e outro numa antiga sala de cinema do Natal shopping, ambos em película. Ela fala que “não adianta levar um filme que as crianças não vão gostar. Nesta situação existe o risco de que elas fiquem com raiva do cinema”, disse.
Cinema no interior do Brasil
Para colaborar com a difusão das salas de cinema no Brasil o Governo Federal lança hoje o programa Cinema Perto de Você, que pretende abrir salas de exibição para preencher “vácuos” do circuito brasileiro. A iniciativa visa a incentivar o setor privado a erguer cinemas em periferias de grandes centros urbanos e em municípios sem essa opção cultural, por meio de linhas de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de isenção tributária na manutenção e construção dos empreendimentos. É o “Cine Classe C”, que surge com uma meta ambiciosa: 600 novas salas em um intervalo de quatro anos.
Caso vingue, o programa fará o parque exibidor brasileiro saltar dos atuais 2.200 para 2.800 cinemas, número ainda inferior aos patamares da década de 1970, quando chegou-se a 3.276 em funcionamento no País.
As cifras divulgadas pela Ancine prevêem R$ 500 milhões para contratos de empréstimo e investimento, via Fundo Setorial do Audiovisual e Programa de Apoio à Cadeia Produtiva do Audiovisual (Procult), do BNDES. Também serão suspensos os tributos federais sobre máquinas, aparelhos, equipamentos e materiais de construção; a venda de ingressos e a publicidade serão isentas de PIS e Cofins por até cinco anos. A renúncia fiscal chegará a R$ 168 milhões.
O foco principal do Cinema Perto de Você são os 89 municípios com mais de 100 mil habitantes e sem nenhuma sala de exibição, como Ananindeua (PA) e Belford Roxo (RJ). Nas grandes cidades, o programa mira as zonas periféricas mais povoadas. Com a iniciativa do governo, o preço médio de uma sala de cinema deve cair de R$ 900 mil para R$ 700 mil, estima Rangel.
Maria Betânia Monteiro – repórter
Publicação: Jornal Tribuna do Norte / Natal / RN / 24 de Junho de 2010 às 00:00
"Amor Estranho Amor"
Advogado da Cinearte envia carta ao TJ/RJ pedindo exclusão ou correção da notícia sobre o filme
Confira o texto que o escritório Bitelli Advogados, representante da Cinearte Produções Cinematográficas Ltda., enviou ao presidente do TJ/RJ a respeito das informações prestadas pela assessoria de imprensa do Tribunal (clique aqui) acerca do julgamento do recurso interposto pela produtora do filme "Amor Estranho Amor", estrelado por Xuxa.
Prezado Exmo. Sr. Des. Presidente do E.Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
No último dia 18/06/2010, a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro publicou no site deste órgão a "notícia" intitulada "Cinearte é proibida de divulgar ou comercializar filme estrelado por Xuxa", sobre o resultado do julgamento, pela C.11ª Câmara Cível deste E.Tribunal, do recurso de Agravo de Instrumento interposto por nossa cliente, CINEARTE PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA. contra a decisão liminar concedida pelo juiz da D.2ª vara Cível do Foro Regional da Barra da Tijuca da Comarca do Rio de Janeiro.
Entretanto, tal fato surpreendeu (negativamente) não apenas nosso escritório, como, também, a nossa cliente, CINEARTE.
Em primeiro lugar, porque o título da "notícia", além de tendencioso, é falacioso, na medida em que este Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro simplesmente negou provimento ao recurso interposto por nossa cliente, mantendo a decisão de primeira instância que havia concedido decisão liminar favorável à empresa Agravada. Ou seja, não foi este E.Tribunal de Justiça que determinou que a CINEARTE se abstenha de ceder ou comercializar a obra "Amor Estranho Amor".
Desta forma, ao intitular a "notícia" do modo como foi realizado, a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tenta, na verdade, exaltar uma decisão concedida há alguns meses que apenas foi confirmada por este E.Tribunal de Justiça, induzindo o leitor em erro de forma sensacionalista.
Aliás, na qualidade de um apêndice deste E.Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, a Assessoria de Imprensa certamente não poderia atuar como a imprensa comum e privada, cujo objetivo é criar manchetes que contribuam com a comercialização de seus periódicos. A isenção e a imparcialidade que regem os julgamentos deste E.Tribunal de Justiça deveriam nortear a atuação da Assessoria de Imprensa, o que, entretanto, não ocorreu neste caso.
Além do título da "notícia" tendencioso e falacioso, o seu texto contém afirmações igualmente tendenciosas e falaciosas. Ao tentar resumir os fatos envolvidos na lide em questão, a Assessoria de Imprensa praticamente incorpora a defesa dos interesses da Agravada, afirmando fatos controversos como se incontroversos fosse:
"Produtora do filme, a Cinearte mantém acordo judicial com Xuxa, cedendo a ela os direitos patrimoniais do filme, mediante o pagamento anual de quantia em dólares. Previsto inicialmente para durar oito anos, o contrato VEM SENDO renovado há 18 anos. Em 2009, A EMPRESA PROPÔS A RENEGOCIAÇÃO DO VALOR, alegando queda do dólar, e deixou de indicar a conta corrente, COMO DE PRAXE, para que Xuxa fizesse o depósito. A apresentadora, então, converteu a quantia de acordo com o dólar do dia e fez o depósito em juízo. Contrariada, a Cinearte ameaçou liberar o filme." (grifos nossos)
Curiosamente, a Assessoria de Imprensa omite o principal fato alegado pela Agravante: a perda do prazo contratual para o exercício do direito de renovação do contrato!
Como se não bastasse, antes mesmo das partes terem acesso ao v.acórdão, a Assessoria de Imprensa incluiu em sua "notícia" transcreveu trechos do voto do Exmo. Des. Relator, Cláudio de Mello Tavares, antecipando o texto que, de fato, ainda não é público.
Diante do exposto, uma vez demonstrado que a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça agiu de forma equivocada e indevida na prestação da informação do julgamento realizado pela C.11ª Câmara Cível deste E.Tribunal do recurso de Agravo de Instrumento interposto por CINEARTE PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA., serve a presente para requerer a retirada da referida "notícia" do site deste E.Tribunal ou, alternativamente, que seja a mesma reescrita de forma correta, com isenção e imparcialidade devidas.
Permaneceremos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Atenciosamente,
Thiago Mendes Ladeira – Bitelli Advogados
fonte:http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI109928,61044-Advogado+pede+correcao+da+noticia+sobre+o+filme+Amor+Estranho+Amor+
Confira o texto que o escritório Bitelli Advogados, representante da Cinearte Produções Cinematográficas Ltda., enviou ao presidente do TJ/RJ a respeito das informações prestadas pela assessoria de imprensa do Tribunal (clique aqui) acerca do julgamento do recurso interposto pela produtora do filme "Amor Estranho Amor", estrelado por Xuxa.
Prezado Exmo. Sr. Des. Presidente do E.Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
No último dia 18/06/2010, a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro publicou no site deste órgão a "notícia" intitulada "Cinearte é proibida de divulgar ou comercializar filme estrelado por Xuxa", sobre o resultado do julgamento, pela C.11ª Câmara Cível deste E.Tribunal, do recurso de Agravo de Instrumento interposto por nossa cliente, CINEARTE PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA. contra a decisão liminar concedida pelo juiz da D.2ª vara Cível do Foro Regional da Barra da Tijuca da Comarca do Rio de Janeiro.
Entretanto, tal fato surpreendeu (negativamente) não apenas nosso escritório, como, também, a nossa cliente, CINEARTE.
Em primeiro lugar, porque o título da "notícia", além de tendencioso, é falacioso, na medida em que este Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro simplesmente negou provimento ao recurso interposto por nossa cliente, mantendo a decisão de primeira instância que havia concedido decisão liminar favorável à empresa Agravada. Ou seja, não foi este E.Tribunal de Justiça que determinou que a CINEARTE se abstenha de ceder ou comercializar a obra "Amor Estranho Amor".
Desta forma, ao intitular a "notícia" do modo como foi realizado, a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tenta, na verdade, exaltar uma decisão concedida há alguns meses que apenas foi confirmada por este E.Tribunal de Justiça, induzindo o leitor em erro de forma sensacionalista.
Aliás, na qualidade de um apêndice deste E.Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, a Assessoria de Imprensa certamente não poderia atuar como a imprensa comum e privada, cujo objetivo é criar manchetes que contribuam com a comercialização de seus periódicos. A isenção e a imparcialidade que regem os julgamentos deste E.Tribunal de Justiça deveriam nortear a atuação da Assessoria de Imprensa, o que, entretanto, não ocorreu neste caso.
Além do título da "notícia" tendencioso e falacioso, o seu texto contém afirmações igualmente tendenciosas e falaciosas. Ao tentar resumir os fatos envolvidos na lide em questão, a Assessoria de Imprensa praticamente incorpora a defesa dos interesses da Agravada, afirmando fatos controversos como se incontroversos fosse:
"Produtora do filme, a Cinearte mantém acordo judicial com Xuxa, cedendo a ela os direitos patrimoniais do filme, mediante o pagamento anual de quantia em dólares. Previsto inicialmente para durar oito anos, o contrato VEM SENDO renovado há 18 anos. Em 2009, A EMPRESA PROPÔS A RENEGOCIAÇÃO DO VALOR, alegando queda do dólar, e deixou de indicar a conta corrente, COMO DE PRAXE, para que Xuxa fizesse o depósito. A apresentadora, então, converteu a quantia de acordo com o dólar do dia e fez o depósito em juízo. Contrariada, a Cinearte ameaçou liberar o filme." (grifos nossos)
Curiosamente, a Assessoria de Imprensa omite o principal fato alegado pela Agravante: a perda do prazo contratual para o exercício do direito de renovação do contrato!
Como se não bastasse, antes mesmo das partes terem acesso ao v.acórdão, a Assessoria de Imprensa incluiu em sua "notícia" transcreveu trechos do voto do Exmo. Des. Relator, Cláudio de Mello Tavares, antecipando o texto que, de fato, ainda não é público.
Diante do exposto, uma vez demonstrado que a Assessoria de Imprensa deste Tribunal de Justiça agiu de forma equivocada e indevida na prestação da informação do julgamento realizado pela C.11ª Câmara Cível deste E.Tribunal do recurso de Agravo de Instrumento interposto por CINEARTE PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA., serve a presente para requerer a retirada da referida "notícia" do site deste E.Tribunal ou, alternativamente, que seja a mesma reescrita de forma correta, com isenção e imparcialidade devidas.
Permaneceremos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Atenciosamente,
Thiago Mendes Ladeira – Bitelli Advogados
fonte:http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI109928,61044-Advogado+pede+correcao+da+noticia+sobre+o+filme+Amor+Estranho+Amor+
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Arte enferma
Dupla de alemães interna artistas, galeristas, curadores e críticos em clínica de reabilitação em Berlim
Folha de São Paulo, ilustrada 15/06/2010
SILAS MARTÍ
Arte tem cheiro de cocaína. Num mundo de festas encharcadas de champanhe, da velocidade do mercado que acompanha a voracidade do vício, dois alemães decidiram levar artistas, curadores, críticos e galeristas para a clínica de reabilitação.Benjamin Blanke e Claudia Kapp, também artistas, fizeram dos colegas cobaias para entender o papel das drogas nas artes visuais.Em vez de mostrar suas obras, pediram ao KW, centro de arte contemporânea em Berlim, que bancasse a desintoxicação de personalidades do meio artístico numa clínica de reabilitação perto da capital alemã.
No meio de uma floresta, o sanatório Havelhoehe recebe até 291 pacientes, tem duas alas de desintoxicação e usa pintura, escultura e também ginástica nos tratamentos. São adeptos da chamada medicina holística, ou antroposófica, que tenta dar atenção equivalente a aspectos físicos e mentais do paciente. Internos do projeto, que passaram cerca de dez dias na clínica, foram convocados por e-mail. O convite tinha só uma imagem, a de uma porta fechada, usada pelos artistas para divulgar o projeto."Uma pessoa já disse que era uma reflexão sobre estética", resume Claudia Kapp à Folha. "Não diria que é uma performance, mas um trabalho mais conceitual, de estética relacional iconoclasta."
Jargões à parte, a realidade dos mais de 200 inscritos no projeto passou longe dessas dimensões filosóficas.
"Desde que cheguei, me dão doses de um pó branco três vezes ao dia para reduzir a ansiedade", escreveu um crítico de arte internado na clínica. "É como cocaína ao contrário, precisaria cheirar toneladas para sentir qualquer sensação de alívio."
Mais do que alívio, uma pausa. Na visão dos artistas, as drogas nesse meio não têm mais a ver com ampliar horizontes da percepção, como os anos 60 e 70 popularizaram o uso do LSD e afins.
"É menos hedonista", diz Kapp. "Está mais ligado à competição: aumentar, melhorar, acelerar a produção."
Tanto que, além dos artistas que se inscreveram, maior alvo do programa, críticos e galeristas insones com preços nas alturas e a rotina pesada dos vernissages correram para a clínica.
VÍCIOS REAIS
"Alguns deles não eram viciados em nada", conta Kapp. "Queriam só se desintoxicar do mundo da arte."
Esses que buscavam uma limpeza ideológica ficaram fora da clínica, onde médicos de verdade, além de psicanalistas e psiquiatras, trataram seus vícios reais. "À noite, uma toalha encharcada de chá medicinal é aplicada contra meu fígado para absorver as toxinas", escreveu um crítico alcoólatra internado na clínica. Ele adianta o relato descrevendo as esculturas de argila que fez para passar o tempo. Enquanto seus dotes artísticos permitiram fazer só umas vasilhas, uma colega esculpiu até um busto de Hitler.
"Conhecemos artistas, amigos pessoais, que estão sofrendo muito com isso", conta Kapp. "É horrível."
Ela vê nesse ponto uma relação cada vez mais estreita entre arte e o mundo das celebridades, "estrelas do rock conhecidas pelos excessos".Muitos dos inscritos na reabilitação, aliás, achavam que teriam seus trabalhos expostos em Berlim como contrapartida ao tratamento.
"Achavam que ficariam famosos, mas o projeto é anônimo", diz Kapp. "Tudo tem cada vez menos a ver com arte, há um grande vazio."
Folha de São Paulo, ilustrada 15/06/2010
SILAS MARTÍ
Arte tem cheiro de cocaína. Num mundo de festas encharcadas de champanhe, da velocidade do mercado que acompanha a voracidade do vício, dois alemães decidiram levar artistas, curadores, críticos e galeristas para a clínica de reabilitação.Benjamin Blanke e Claudia Kapp, também artistas, fizeram dos colegas cobaias para entender o papel das drogas nas artes visuais.Em vez de mostrar suas obras, pediram ao KW, centro de arte contemporânea em Berlim, que bancasse a desintoxicação de personalidades do meio artístico numa clínica de reabilitação perto da capital alemã.
No meio de uma floresta, o sanatório Havelhoehe recebe até 291 pacientes, tem duas alas de desintoxicação e usa pintura, escultura e também ginástica nos tratamentos. São adeptos da chamada medicina holística, ou antroposófica, que tenta dar atenção equivalente a aspectos físicos e mentais do paciente. Internos do projeto, que passaram cerca de dez dias na clínica, foram convocados por e-mail. O convite tinha só uma imagem, a de uma porta fechada, usada pelos artistas para divulgar o projeto."Uma pessoa já disse que era uma reflexão sobre estética", resume Claudia Kapp à Folha. "Não diria que é uma performance, mas um trabalho mais conceitual, de estética relacional iconoclasta."
Jargões à parte, a realidade dos mais de 200 inscritos no projeto passou longe dessas dimensões filosóficas.
"Desde que cheguei, me dão doses de um pó branco três vezes ao dia para reduzir a ansiedade", escreveu um crítico de arte internado na clínica. "É como cocaína ao contrário, precisaria cheirar toneladas para sentir qualquer sensação de alívio."
Mais do que alívio, uma pausa. Na visão dos artistas, as drogas nesse meio não têm mais a ver com ampliar horizontes da percepção, como os anos 60 e 70 popularizaram o uso do LSD e afins.
"É menos hedonista", diz Kapp. "Está mais ligado à competição: aumentar, melhorar, acelerar a produção."
Tanto que, além dos artistas que se inscreveram, maior alvo do programa, críticos e galeristas insones com preços nas alturas e a rotina pesada dos vernissages correram para a clínica.
VÍCIOS REAIS
"Alguns deles não eram viciados em nada", conta Kapp. "Queriam só se desintoxicar do mundo da arte."
Esses que buscavam uma limpeza ideológica ficaram fora da clínica, onde médicos de verdade, além de psicanalistas e psiquiatras, trataram seus vícios reais. "À noite, uma toalha encharcada de chá medicinal é aplicada contra meu fígado para absorver as toxinas", escreveu um crítico alcoólatra internado na clínica. Ele adianta o relato descrevendo as esculturas de argila que fez para passar o tempo. Enquanto seus dotes artísticos permitiram fazer só umas vasilhas, uma colega esculpiu até um busto de Hitler.
"Conhecemos artistas, amigos pessoais, que estão sofrendo muito com isso", conta Kapp. "É horrível."
Ela vê nesse ponto uma relação cada vez mais estreita entre arte e o mundo das celebridades, "estrelas do rock conhecidas pelos excessos".Muitos dos inscritos na reabilitação, aliás, achavam que teriam seus trabalhos expostos em Berlim como contrapartida ao tratamento.
"Achavam que ficariam famosos, mas o projeto é anônimo", diz Kapp. "Tudo tem cada vez menos a ver com arte, há um grande vazio."
Programa Cinema Perto de Você será lançado no dia 23
A Ancine e o MinC lançam no dia 23, às 15h, o programa Cinema Perto de Você, que visa a estimular a abertura de 600 novas salas, em no máximo quatro anos, em cidades médias do interior e em zonas urbanas de grandes cidades que tenham baixa densidade de salas. O programa deve beneficiar mais as regiões Norte e Nordeste, mais carentes de salas de exibição. O Cinema Perto de Você é uma ação maior, que engloba o Cinema da Cidade, lançado no ano passado e voltado para abertura de salas em cidades com população entre 20 mil e 100 mil.
“O objetivo é levar ao cinema mais brasileiros e fazer crescer o mercado audiovisual do país, viabilizando maior presença do cinema brasileiro. O Programa de Expansão do Parque Exibidor representa uma nova etapa da política do cinema e do audiovisual implementada nos últimos anos. O programa estimula os exibidores a abrirem salas de cinema em cidades de porte médio do interior do Brasil e bairros populares das grandes cidades. Com isso fortalece o segmento de exibição cinematográfica, fomenta o investimento privado no setor, facilita o acesso da população às obras audiovisuais, amplia o estrato social dos frequentadores de salas, com atenção especial para os novos consumidores da classe C, e descentraliza o parque exibidor, pois induz a formação de novos centros regionais para o consumo de cinema”, afirma Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine.
“O objetivo é levar ao cinema mais brasileiros e fazer crescer o mercado audiovisual do país, viabilizando maior presença do cinema brasileiro. O Programa de Expansão do Parque Exibidor representa uma nova etapa da política do cinema e do audiovisual implementada nos últimos anos. O programa estimula os exibidores a abrirem salas de cinema em cidades de porte médio do interior do Brasil e bairros populares das grandes cidades. Com isso fortalece o segmento de exibição cinematográfica, fomenta o investimento privado no setor, facilita o acesso da população às obras audiovisuais, amplia o estrato social dos frequentadores de salas, com atenção especial para os novos consumidores da classe C, e descentraliza o parque exibidor, pois induz a formação de novos centros regionais para o consumo de cinema”, afirma Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine.
terça-feira, 22 de junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Circuito Tela Verde: Parceria entre MinC e MMA envolverá 369 salas não comerciais de cinema do país
Produções com temáticas socioambientais vão ser exibidas em 369 Cines Mais Cultura de todo o país entre os meses de junho e julho. Trata-se do Circuito Tela Verde, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e apoio do Ministério da Cultura (MinC), com a finalidade de sensibilizar a sociedade para a questão ambiental.
Serão exibidos 51 filmes dos mais variados tipos, desde documentários produzidos por agentes ambientais até curtas de animação de um minuto. “Há, inclusive, pequenos vídeos gravados por câmera de celular”, informa Ricardo Ferrão, técnico do Departamento de Educação Ambiental do MMA.
O Cine Mais Cultura é uma iniciativa do Ministério da Cultura que, por meio de editais, contempla projetos inscritos por organizações e municípios de todo país. Cada selecionado recebe equipamentos de projeção, além de DVDs de produções nacionais e oficinas de capacitação.
“Além de democratizar o acesso da população ao cinema, essa parceria com o MMA mostra que os Cines Mais Cultura atuam como espaços educativos voltados à formação cidadã. A preservação do meio ambiente é também uma questão cultural”, destaca Silvana Meireles, coordenadora executiva do Programa Mais Cultura.
Atualmente são mais de 800 Cines Mais Cultura implantados, sendo que a meta do programa é chegar a 1,6 mil salas instaladas até o fim do ano.
Circuito - Os vídeos também estão disponíveis na internet por meio do blog do Circuito Tela Verde (circuitotelaverde.blogspot.com) - onde também estão todas as sinopses e fichas técnicas - e no Youtube (http://www.youtube.com/user/circuitotv2).
(Comunicação SAI/MinC)
--
João Baptista Pimentel Neto
Diretor de Articulação e Comunicações do CBC - Congresso Brasileiro de Cinema
Secretário Geral do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
Relações Institucionais do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual
Cel: 11.8492.7373
Msn: pimentel439@hotmail.com
Skype: pimentel43
Twitter: pimentel43
Facebook:
FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS!
Visite:
www.culturadigital.br/cineclubes/
www.cineclubes.org.br
www.pec.utopia.com.br
www.festivaldeatibaia.com.br
www.difusaocineclube.org.br
http://pimentelneto.ning.com/
Serão exibidos 51 filmes dos mais variados tipos, desde documentários produzidos por agentes ambientais até curtas de animação de um minuto. “Há, inclusive, pequenos vídeos gravados por câmera de celular”, informa Ricardo Ferrão, técnico do Departamento de Educação Ambiental do MMA.
O Cine Mais Cultura é uma iniciativa do Ministério da Cultura que, por meio de editais, contempla projetos inscritos por organizações e municípios de todo país. Cada selecionado recebe equipamentos de projeção, além de DVDs de produções nacionais e oficinas de capacitação.
“Além de democratizar o acesso da população ao cinema, essa parceria com o MMA mostra que os Cines Mais Cultura atuam como espaços educativos voltados à formação cidadã. A preservação do meio ambiente é também uma questão cultural”, destaca Silvana Meireles, coordenadora executiva do Programa Mais Cultura.
Atualmente são mais de 800 Cines Mais Cultura implantados, sendo que a meta do programa é chegar a 1,6 mil salas instaladas até o fim do ano.
Circuito - Os vídeos também estão disponíveis na internet por meio do blog do Circuito Tela Verde (circuitotelaverde.blogspot.com) - onde também estão todas as sinopses e fichas técnicas - e no Youtube (http://www.youtube.com/user/circuitotv2).
(Comunicação SAI/MinC)
--
João Baptista Pimentel Neto
Diretor de Articulação e Comunicações do CBC - Congresso Brasileiro de Cinema
Secretário Geral do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
Relações Institucionais do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual
Cel: 11.8492.7373
Msn: pimentel439@hotmail.com
Skype: pimentel43
Twitter: pimentel43
Facebook:
FILMES SÃO FEITOS PARA SEREM VISTOS!
Visite:
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www.pec.utopia.com.br
www.festivaldeatibaia.com.br
www.difusaocineclube.org.br
http://pimentelneto.ning.com/
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Cannito assume a SAV com discurso convergente
Terça-feira, 08 de Junho de 2010, 18h54
Embora já ocupe formalmente o cargo, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito, participou ontem em São Paulo de uma cerimônia simbólica de posse.
Em seu discurso, ele apontou alguns caminhos novos para as políticas audiovisuais do órgão, focados sobretudo em conceitos da convergência de midias e de negócios.
Segundo o secretário, o crescimento econômico e a melhor distribuição de renda no país criaram um novo público para os produtos audiovisuais, ao mesmo tempo em que a tecnologia permite uma multiplicação das mídias e possibilidades. "Nosso desafio é atuar pensando em todas as mídias, inclusive as físicas", disse. "Nossa função é incentivar as produções transmidiáticas", completou.
Segundo Cannito, sua gestão será ancorada em três princípios: "Pensar grande, inovar e convergir". A ideia, diz, é ocupar todos os espaços possíveis com a produção nacional, não só as telas de cinema e TV mas também livrarias, parques temáticos e outros. "Por que não pensar em parques com personagens brasileiros?", questiona.
Sem fronteiras
Quando fala em convergência, Cannito não se refere apenas às plataformas tecnológicas. Ele prega também o rompimento de algumas barreiras mercadológicas. "Não podemos perder tempo com as pequenas brigas, os falsos debates entre cinema e TV, cinema autoral vs. industrial. O autoral pode ser comercial e o comercial pode ter qualidade. Temos que fazer mais filmes espíritas, mas também católicos, evangélicos, filmes para a classe A, B e C, sem preconceitos. Filmes populares e filmes de vanguarda".
O secretário também propõe uma nova aproximação com outros agentes: "temos que trazer a publicidade brasileira, que é super premiada mas está longe da produção audiovisual. Precisamos unir nossos talentos criativos, dialogar com ONGs, ministérios, com o Exército. Os americanos fazem filmes de ação com apoio do seu exército, por que não podemos fazer?"
Também propõe a aproximação com outras áreas de talentos nacionais, como o teatro e a moda.
Talentos
Outro foco do discurso de Cannito é a pesquisa e o desenvolvimento. Segundo ele, não cabe ao estado investir apenas em produtos, mas também em processos. Não financiar apenas a produção de filmes, mas também de roteiros, formatos etc. "A convergência começa nos livros", disse.
No aspecto regulatório, o novo secretário foi bastante preciso em suas metas: "vamos atuar na defesa das leis que fomentem o setor, na nova Procultura, no PL 29, e vamos entrar de cabeça no debate sobre direito autoral", conta.
Cannito garantiu que todas as ações em curso no MinC serão continuadas, e que todos os editais previstos serão lançados em breve, porém inserindo ações transmídia nos requisitos.
Ele também propôs a implantação do Fundo de Inovação do Audiovisual, que seria complementar ao Fundo Setorial do Audiovisual, com foco em desenvolvimento, incluindo roteiros, desenvolvimento de projetos, storyboards, pesquisa etc.
Canal
Finalmente, Cannito citou a possibilidade do MinC promover a criação de novos canais de TV independentes, apoiando consórcios de empresas ou associações.
Também falou da criação do Canal da Cultura, previsto no decreto da TV digital. "Não será um canal de promoção das atividades do MinC, mas um laboratório de produção e formatos, um espaço de cultura viva, de inovação e criação". Segundo ele, o canal não sairá este ano (ou seja, na sua atual gestão), mas quer deixar prontas as bases para sua criação. André Mermelstein
Fonte: http://www.telaviva.com.br/News.asp?ID=185061
Embora já ocupe formalmente o cargo, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito, participou ontem em São Paulo de uma cerimônia simbólica de posse.
Em seu discurso, ele apontou alguns caminhos novos para as políticas audiovisuais do órgão, focados sobretudo em conceitos da convergência de midias e de negócios.
Segundo o secretário, o crescimento econômico e a melhor distribuição de renda no país criaram um novo público para os produtos audiovisuais, ao mesmo tempo em que a tecnologia permite uma multiplicação das mídias e possibilidades. "Nosso desafio é atuar pensando em todas as mídias, inclusive as físicas", disse. "Nossa função é incentivar as produções transmidiáticas", completou.
Segundo Cannito, sua gestão será ancorada em três princípios: "Pensar grande, inovar e convergir". A ideia, diz, é ocupar todos os espaços possíveis com a produção nacional, não só as telas de cinema e TV mas também livrarias, parques temáticos e outros. "Por que não pensar em parques com personagens brasileiros?", questiona.
Sem fronteiras
Quando fala em convergência, Cannito não se refere apenas às plataformas tecnológicas. Ele prega também o rompimento de algumas barreiras mercadológicas. "Não podemos perder tempo com as pequenas brigas, os falsos debates entre cinema e TV, cinema autoral vs. industrial. O autoral pode ser comercial e o comercial pode ter qualidade. Temos que fazer mais filmes espíritas, mas também católicos, evangélicos, filmes para a classe A, B e C, sem preconceitos. Filmes populares e filmes de vanguarda".
O secretário também propõe uma nova aproximação com outros agentes: "temos que trazer a publicidade brasileira, que é super premiada mas está longe da produção audiovisual. Precisamos unir nossos talentos criativos, dialogar com ONGs, ministérios, com o Exército. Os americanos fazem filmes de ação com apoio do seu exército, por que não podemos fazer?"
Também propõe a aproximação com outras áreas de talentos nacionais, como o teatro e a moda.
Talentos
Outro foco do discurso de Cannito é a pesquisa e o desenvolvimento. Segundo ele, não cabe ao estado investir apenas em produtos, mas também em processos. Não financiar apenas a produção de filmes, mas também de roteiros, formatos etc. "A convergência começa nos livros", disse.
No aspecto regulatório, o novo secretário foi bastante preciso em suas metas: "vamos atuar na defesa das leis que fomentem o setor, na nova Procultura, no PL 29, e vamos entrar de cabeça no debate sobre direito autoral", conta.
Cannito garantiu que todas as ações em curso no MinC serão continuadas, e que todos os editais previstos serão lançados em breve, porém inserindo ações transmídia nos requisitos.
Ele também propôs a implantação do Fundo de Inovação do Audiovisual, que seria complementar ao Fundo Setorial do Audiovisual, com foco em desenvolvimento, incluindo roteiros, desenvolvimento de projetos, storyboards, pesquisa etc.
Canal
Finalmente, Cannito citou a possibilidade do MinC promover a criação de novos canais de TV independentes, apoiando consórcios de empresas ou associações.
Também falou da criação do Canal da Cultura, previsto no decreto da TV digital. "Não será um canal de promoção das atividades do MinC, mas um laboratório de produção e formatos, um espaço de cultura viva, de inovação e criação". Segundo ele, o canal não sairá este ano (ou seja, na sua atual gestão), mas quer deixar prontas as bases para sua criação. André Mermelstein
Fonte: http://www.telaviva.com.br/News.asp?ID=185061
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Cineclubes do Rio contam com atrações que vão além dos filmes
Projeções cinematográficas fora do circuito comercial se juntam a rodas de choro, degustação de cachaça, debates e até festas para atrair todo tipo de público. Confira aqui
Hoje, no Brasil, existem cerca de 600 cineclubes, dos quais 80 funcionam no Rio de Janeiro, de acordo com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC) - entidade sem fins lucrativos que representa 400 cineclubes filiados no Brasil. Cada cineclube tem sua especificidade, mas o objetivo é comum: levar ao público produções cinematográficas de qualidade, que não tenham características comerciais e que não encontram espaço para exibição nas grandes salas, a preços acessíveis.
“A principal característica do cineclube é que sua existência permeia praticamente todo o tecido social. Tal afirmativa fica clara quando se constata a existência de cineclubes ligados a associações de moradores de bairros periféricos e até de universidades. Qualquer grupo de pessoas pode abrir um cineclube. Os direitos de exibição não-comercial dos filmes são distribuídos através de algumas instituições ou pelos próprios produtores”, explica o secretário-geral do CNC, João Baptista Pimentel.
Segundo Pimentel, os cineclubes não têm um “dono”, pois a responsabilidade por seu funcionamento deve ser coletiva e assumida pela diretoria da instituição e seus sócios. A grande maioria dos cineclubes não cobra entrada, mas isto não é uma condição para o funcionamento. Caso ache necessário, pode ser cobrada uma pequena taxa de manutenção.
É o caso de um dos cineclubes mais famosos e “bombados” do Rio de Janeiro, o Cachaça Cineclube, formado por ex-estudantes de cinema da Universidade Federal Fluminense, que cobra R$ 12 por sessão e acontece uma vez por mês.
Segundo a cineasta e uma das idealizadoras do Cachaça Cineclube, Débora Butruce, os cineclubes tiveram seu auge nos anos 60 e 70, mas saíram um pouco de cena por causa da crescente censura. O ressurgimento aconteceu por volta da primeira década do ano 2000, com a participação dos estudantes de Cinema, que buscavam um lugar para apresentar suas produções.
Foi nesta época, no ano de 2002, que Débora se juntou com seus colegas de curso Karen Barros e João Mors para realizar o projeto Cachaça Cineclube. Eles queriam encontrar um lugar privilegiado para exibir o curta “Bichos Urbanos”, feito por Karen e João. Conseguiram negociar um espaço de exibição: o Cinema Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio. Fizeram uma proposta de ocupação que foi bem recebida pela organização do cinema e usam o espaço até hoje. O formato de cineclube mais degustação de cachaça, além de uma festa, foi uma forma de fugir do tradicional.
“A maioria dos cineclubes apresenta o filme e organiza um debate depois. Mas achamos que quando uma discussão é imposta, ela não flui. Dessa forma, queremos oferecer um ambiente descontraído para estimular a discussão natural sobre o filme”, explica Débora.
Ao som de um DJ e ao sabor da degustação da cachaça Claudionor, o papo flui com maior descontração.
“A festa acaba às 2 horas da madrugada impreterivelmente. Não queremos que vire um programa da noite, uma festa apenas. Muitas pessoas têm interesses superficiais, mas o nosso intuito principal é a exibição dos filmes. Tanto que a bilheteria só funciona para a compra do ingresso do filme. Depois que a sessão começa, a bilheteria fecha”, esclarece Débora.
Em Niterói, o grande problema é a escassez de salas
Em Niterói, já há alguns anos, cinema é cultura em extinção. Só para lembrar de fatos tristes recentes, houve o fechamento do Cine Icaraí, Cine Center, do Estação, das cinco salas do ItaipuMulticenter, de parte das salas do Cinemark Plaza Shopping, que depois de um incêndio no final de 2009, até hoje mantém parte delas fechada. Até os cineclubes sofreram com o abre e fecha das salas de cinema. Dois deles, o Cineclube Sala Escura e o Nictheroy Cineclube, estão com suas atividades suspensas por conta do fechamento do Cine Art UFF, que está passando por um período de reforma. Apesar deste desfalque, o cineclube é uma alternativa cultural na cidade, que mantém seu público cativo.
O CineOlho usa um espaço nobre – o Museu de Arte Contemporânea de Niterói – há três anos para fazer sessões mensais. A cada mês é estabelecido um tema. O jornalista Aurélio Brandt e o produtor Leandro Batista selecionam filmes – na maioria das vezes curtas-metragens, mas esta não é uma regra – que tenham a ver com a temática.
A proposta de utilização do espaço – o auditório, que normalmente é usado para a realização de palestras – foi aceita pela direção do museu, que cedeu o espaço em uma parceria cultural.
“O cineclube é muito importante por dar espaço aos filmes que não teriam nenhum outro lugar para serem exibidos. Exploramos temas diferentes e esse retorno, esse diálogo, só acontece dentro deste ambiente”, afirma Marco Aurélio.
A Associação dos Professores Inativos da UFF também promove sessões mensais e gratuitas do Cineclube ASPI. Apesar de ser aberto, o público não varia muito, sendo composto basicamente por ex-professores e funcionários da universidade. Recentemente, a sala de exibição passou por uma reforma, mas as sessões não foram suspensas: aconteceram em uma sala improvisada, para não deixar de atender ao público.
A organizadora, Neusa Pinto, escolhe e exibe os filmes e afirma ter muito carinho pelo projeto, que tem três anos.
“Nosso público é pequeno, mas é um público cativo, que valoriza este evento. Procuro escolher filmes que signifiquem alguma coisa para os nossos espectadores, mas estou sempre aberta a palpites. É um espaço bem democrático”, diz.
Os comentários ficam por conta da interação dos espectadores depois do filme, quando é servido um cafezinho. Mas, esporadicamente, um professor da UFF é convidado para discutir o filme.
Legalização pode garantir patrocínios através da participação em editais e convênios
Para institucionalizar um cineclube é preciso fundar uma entidade cultural sem fins lucrativos, eleger sua diretoria, registrá-la no Cartório de Títulos e Documentos, inscrever-se na Receita Federal e na Agência Nacional do Cinema (Ancine). Mas o funcionamento de um cineclube pode acontecer por uma simples decisão coletiva. A legalização apenas permite a participação em editais, convênios e recebimentos de doações.
Algumas iniciativas estão surgindo com o objetivo de incentivar o movimento cineclubista no Brasil. Uma delas é o Cine Mais Cultura, do Ministério da Cultura. Seu objetivo é ampliar a rede de exibição brasileira, por meio de iniciativas não comerciais, entregando equipamento completo de projeção, conteúdo audiovisual em DVD de filmes nacionais (cedido pela Programadora Brasil) e levando oficinas de capacitação cineclubista (coordenadas pelo CNC).
Segundo Frederico Cardoso, coordenador executivo do projeto, o objetivo é capacitar os gestores dos cinemas, que podem ou não se tornar cineclubistas.
“Estamos juntos com este movimento por meio da parceria com o CNC. É interessante levar a prática do cineclube para estes locais, já que é o único modelo não comercial de exibição constante capaz de organizar e integrar mais iniciativas não comerciais ao circuito. Os cineclubes criam relações interpessoais. Desde o realizador, passando pela equipe do cineclube e chegando até o público, envolvendo a todos. Nunca se estabelecem relações frias e isso une a sociedade”, explica.
Um giro pelos cineclubes
Beco do Rato – Acontece todas as quintas-feiras. A sessão começa às 23h30, mas antes tem uma roda de choro com o grupo Recita de Choro, às 20h. O Beco do Rato fica na Rua Morais e Vale, Lapa. A entrada é gratuita.
Cineclube Aspi – Sessões mensais na Associação de Professores Inativos da UFF, que fica na Rua Passo da Pátria 19, em São Domingos. A entrada é franca.
Cachaça Cineclube – Além de privilegiar curtas-metragens brasileiros, após as sessões promove-se degustação de cachaça e festa com DJs. Acontece, normalmente, na segunda quarta-feira do mês, no cinema Odeon, na Cinelândia. A entrada custa R$ 12.
Cineclube LGBT – Acontece toda última sexta-feira do mês, no cinema Odeon, na Cinelândia. Os filmes são destinados ao público gay e após a exibição acontece uma festa. A entrada custa R$ 12.
Cine Olho – As sessões acontecem mensalmente no MAC, na Boa Viagem, normalmente no último sábado. A entrada é franca.
Cineclube da Escola de Cinema Darcy Ribeiro – Todos os sábados, às 18h. A lista de filmes exibidos é escolhida pelo professor Walter Lima Júnior, e, ao final da sessão, o professor promove um debate. Rua da Alfândega, 5, no Centro do Rio, e a entrada é gratuita.
Cinemaison – As exibições dos clássicos franceses acontecem sempre às segundas-feiras, duas vezes ao mês. A entrada é gratuita, mas para entrar é preciso solicitar o seu cartão de sócio através do formulário de cadastro no site www.cinefrance.com.br. Acontece na Embaixada da França, Avenida Presidente Antonio Carlos, 58, 6° andar, Centro do Rio.
O Fluminense
Hoje, no Brasil, existem cerca de 600 cineclubes, dos quais 80 funcionam no Rio de Janeiro, de acordo com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC) - entidade sem fins lucrativos que representa 400 cineclubes filiados no Brasil. Cada cineclube tem sua especificidade, mas o objetivo é comum: levar ao público produções cinematográficas de qualidade, que não tenham características comerciais e que não encontram espaço para exibição nas grandes salas, a preços acessíveis.
“A principal característica do cineclube é que sua existência permeia praticamente todo o tecido social. Tal afirmativa fica clara quando se constata a existência de cineclubes ligados a associações de moradores de bairros periféricos e até de universidades. Qualquer grupo de pessoas pode abrir um cineclube. Os direitos de exibição não-comercial dos filmes são distribuídos através de algumas instituições ou pelos próprios produtores”, explica o secretário-geral do CNC, João Baptista Pimentel.
Segundo Pimentel, os cineclubes não têm um “dono”, pois a responsabilidade por seu funcionamento deve ser coletiva e assumida pela diretoria da instituição e seus sócios. A grande maioria dos cineclubes não cobra entrada, mas isto não é uma condição para o funcionamento. Caso ache necessário, pode ser cobrada uma pequena taxa de manutenção.
É o caso de um dos cineclubes mais famosos e “bombados” do Rio de Janeiro, o Cachaça Cineclube, formado por ex-estudantes de cinema da Universidade Federal Fluminense, que cobra R$ 12 por sessão e acontece uma vez por mês.
Segundo a cineasta e uma das idealizadoras do Cachaça Cineclube, Débora Butruce, os cineclubes tiveram seu auge nos anos 60 e 70, mas saíram um pouco de cena por causa da crescente censura. O ressurgimento aconteceu por volta da primeira década do ano 2000, com a participação dos estudantes de Cinema, que buscavam um lugar para apresentar suas produções.
Foi nesta época, no ano de 2002, que Débora se juntou com seus colegas de curso Karen Barros e João Mors para realizar o projeto Cachaça Cineclube. Eles queriam encontrar um lugar privilegiado para exibir o curta “Bichos Urbanos”, feito por Karen e João. Conseguiram negociar um espaço de exibição: o Cinema Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio. Fizeram uma proposta de ocupação que foi bem recebida pela organização do cinema e usam o espaço até hoje. O formato de cineclube mais degustação de cachaça, além de uma festa, foi uma forma de fugir do tradicional.
“A maioria dos cineclubes apresenta o filme e organiza um debate depois. Mas achamos que quando uma discussão é imposta, ela não flui. Dessa forma, queremos oferecer um ambiente descontraído para estimular a discussão natural sobre o filme”, explica Débora.
Ao som de um DJ e ao sabor da degustação da cachaça Claudionor, o papo flui com maior descontração.
“A festa acaba às 2 horas da madrugada impreterivelmente. Não queremos que vire um programa da noite, uma festa apenas. Muitas pessoas têm interesses superficiais, mas o nosso intuito principal é a exibição dos filmes. Tanto que a bilheteria só funciona para a compra do ingresso do filme. Depois que a sessão começa, a bilheteria fecha”, esclarece Débora.
Em Niterói, o grande problema é a escassez de salas
Em Niterói, já há alguns anos, cinema é cultura em extinção. Só para lembrar de fatos tristes recentes, houve o fechamento do Cine Icaraí, Cine Center, do Estação, das cinco salas do ItaipuMulticenter, de parte das salas do Cinemark Plaza Shopping, que depois de um incêndio no final de 2009, até hoje mantém parte delas fechada. Até os cineclubes sofreram com o abre e fecha das salas de cinema. Dois deles, o Cineclube Sala Escura e o Nictheroy Cineclube, estão com suas atividades suspensas por conta do fechamento do Cine Art UFF, que está passando por um período de reforma. Apesar deste desfalque, o cineclube é uma alternativa cultural na cidade, que mantém seu público cativo.
O CineOlho usa um espaço nobre – o Museu de Arte Contemporânea de Niterói – há três anos para fazer sessões mensais. A cada mês é estabelecido um tema. O jornalista Aurélio Brandt e o produtor Leandro Batista selecionam filmes – na maioria das vezes curtas-metragens, mas esta não é uma regra – que tenham a ver com a temática.
A proposta de utilização do espaço – o auditório, que normalmente é usado para a realização de palestras – foi aceita pela direção do museu, que cedeu o espaço em uma parceria cultural.
“O cineclube é muito importante por dar espaço aos filmes que não teriam nenhum outro lugar para serem exibidos. Exploramos temas diferentes e esse retorno, esse diálogo, só acontece dentro deste ambiente”, afirma Marco Aurélio.
A Associação dos Professores Inativos da UFF também promove sessões mensais e gratuitas do Cineclube ASPI. Apesar de ser aberto, o público não varia muito, sendo composto basicamente por ex-professores e funcionários da universidade. Recentemente, a sala de exibição passou por uma reforma, mas as sessões não foram suspensas: aconteceram em uma sala improvisada, para não deixar de atender ao público.
A organizadora, Neusa Pinto, escolhe e exibe os filmes e afirma ter muito carinho pelo projeto, que tem três anos.
“Nosso público é pequeno, mas é um público cativo, que valoriza este evento. Procuro escolher filmes que signifiquem alguma coisa para os nossos espectadores, mas estou sempre aberta a palpites. É um espaço bem democrático”, diz.
Os comentários ficam por conta da interação dos espectadores depois do filme, quando é servido um cafezinho. Mas, esporadicamente, um professor da UFF é convidado para discutir o filme.
Legalização pode garantir patrocínios através da participação em editais e convênios
Para institucionalizar um cineclube é preciso fundar uma entidade cultural sem fins lucrativos, eleger sua diretoria, registrá-la no Cartório de Títulos e Documentos, inscrever-se na Receita Federal e na Agência Nacional do Cinema (Ancine). Mas o funcionamento de um cineclube pode acontecer por uma simples decisão coletiva. A legalização apenas permite a participação em editais, convênios e recebimentos de doações.
Algumas iniciativas estão surgindo com o objetivo de incentivar o movimento cineclubista no Brasil. Uma delas é o Cine Mais Cultura, do Ministério da Cultura. Seu objetivo é ampliar a rede de exibição brasileira, por meio de iniciativas não comerciais, entregando equipamento completo de projeção, conteúdo audiovisual em DVD de filmes nacionais (cedido pela Programadora Brasil) e levando oficinas de capacitação cineclubista (coordenadas pelo CNC).
Segundo Frederico Cardoso, coordenador executivo do projeto, o objetivo é capacitar os gestores dos cinemas, que podem ou não se tornar cineclubistas.
“Estamos juntos com este movimento por meio da parceria com o CNC. É interessante levar a prática do cineclube para estes locais, já que é o único modelo não comercial de exibição constante capaz de organizar e integrar mais iniciativas não comerciais ao circuito. Os cineclubes criam relações interpessoais. Desde o realizador, passando pela equipe do cineclube e chegando até o público, envolvendo a todos. Nunca se estabelecem relações frias e isso une a sociedade”, explica.
Um giro pelos cineclubes
Beco do Rato – Acontece todas as quintas-feiras. A sessão começa às 23h30, mas antes tem uma roda de choro com o grupo Recita de Choro, às 20h. O Beco do Rato fica na Rua Morais e Vale, Lapa. A entrada é gratuita.
Cineclube Aspi – Sessões mensais na Associação de Professores Inativos da UFF, que fica na Rua Passo da Pátria 19, em São Domingos. A entrada é franca.
Cachaça Cineclube – Além de privilegiar curtas-metragens brasileiros, após as sessões promove-se degustação de cachaça e festa com DJs. Acontece, normalmente, na segunda quarta-feira do mês, no cinema Odeon, na Cinelândia. A entrada custa R$ 12.
Cineclube LGBT – Acontece toda última sexta-feira do mês, no cinema Odeon, na Cinelândia. Os filmes são destinados ao público gay e após a exibição acontece uma festa. A entrada custa R$ 12.
Cine Olho – As sessões acontecem mensalmente no MAC, na Boa Viagem, normalmente no último sábado. A entrada é franca.
Cineclube da Escola de Cinema Darcy Ribeiro – Todos os sábados, às 18h. A lista de filmes exibidos é escolhida pelo professor Walter Lima Júnior, e, ao final da sessão, o professor promove um debate. Rua da Alfândega, 5, no Centro do Rio, e a entrada é gratuita.
Cinemaison – As exibições dos clássicos franceses acontecem sempre às segundas-feiras, duas vezes ao mês. A entrada é gratuita, mas para entrar é preciso solicitar o seu cartão de sócio através do formulário de cadastro no site www.cinefrance.com.br. Acontece na Embaixada da França, Avenida Presidente Antonio Carlos, 58, 6° andar, Centro do Rio.
O Fluminense
quinta-feira, 3 de junho de 2010
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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