quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cannito assume a SAV com discurso convergente

Terça-feira, 08 de Junho de 2010, 18h54


Embora já ocupe formalmente o cargo, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito, participou ontem em São Paulo de uma cerimônia simbólica de posse.

Em seu discurso, ele apontou alguns caminhos novos para as políticas audiovisuais do órgão, focados sobretudo em conceitos da convergência de midias e de negócios.

Segundo o secretário, o crescimento econômico e a melhor distribuição de renda no país criaram um novo público para os produtos audiovisuais, ao mesmo tempo em que a tecnologia permite uma multiplicação das mídias e possibilidades. "Nosso desafio é atuar pensando em todas as mídias, inclusive as físicas", disse. "Nossa função é incentivar as produções transmidiáticas", completou.

Segundo Cannito, sua gestão será ancorada em três princípios: "Pensar grande, inovar e convergir". A ideia, diz, é ocupar todos os espaços possíveis com a produção nacional, não só as telas de cinema e TV mas também livrarias, parques temáticos e outros. "Por que não pensar em parques com personagens brasileiros?", questiona.

Sem fronteiras

Quando fala em convergência, Cannito não se refere apenas às plataformas tecnológicas. Ele prega também o rompimento de algumas barreiras mercadológicas. "Não podemos perder tempo com as pequenas brigas, os falsos debates entre cinema e TV, cinema autoral vs. industrial. O autoral pode ser comercial e o comercial pode ter qualidade. Temos que fazer mais filmes espíritas, mas também católicos, evangélicos, filmes para a classe A, B e C, sem preconceitos. Filmes populares e filmes de vanguarda".

O secretário também propõe uma nova aproximação com outros agentes: "temos que trazer a publicidade brasileira, que é super premiada mas está longe da produção audiovisual. Precisamos unir nossos talentos criativos, dialogar com ONGs, ministérios, com o Exército. Os americanos fazem filmes de ação com apoio do seu exército, por que não podemos fazer?"

Também propõe a aproximação com outras áreas de talentos nacionais, como o teatro e a moda.

Talentos

Outro foco do discurso de Cannito é a pesquisa e o desenvolvimento. Segundo ele, não cabe ao estado investir apenas em produtos, mas também em processos. Não financiar apenas a produção de filmes, mas também de roteiros, formatos etc. "A convergência começa nos livros", disse.

No aspecto regulatório, o novo secretário foi bastante preciso em suas metas: "vamos atuar na defesa das leis que fomentem o setor, na nova Procultura, no PL 29, e vamos entrar de cabeça no debate sobre direito autoral", conta.

Cannito garantiu que todas as ações em curso no MinC serão continuadas, e que todos os editais previstos serão lançados em breve, porém inserindo ações transmídia nos requisitos.

Ele também propôs a implantação do Fundo de Inovação do Audiovisual, que seria complementar ao Fundo Setorial do Audiovisual, com foco em desenvolvimento, incluindo roteiros, desenvolvimento de projetos, storyboards, pesquisa etc.

Canal

Finalmente, Cannito citou a possibilidade do MinC promover a criação de novos canais de TV independentes, apoiando consórcios de empresas ou associações.

Também falou da criação do Canal da Cultura, previsto no decreto da TV digital. "Não será um canal de promoção das atividades do MinC, mas um laboratório de produção e formatos, um espaço de cultura viva, de inovação e criação". Segundo ele, o canal não sairá este ano (ou seja, na sua atual gestão), mas quer deixar prontas as bases para sua criação. André Mermelstein


Fonte: http://www.telaviva.com.br/News.asp?ID=185061

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